A fumaça das queimadas ocorridas na Região Amazônica e em diferentes regiões do país chegou ao Rio Grande do Sul ao longo da última semana e reduziu a incidência de luz solar sobre as lavouras do estado, em especial de trigo, principal cultura de inverno. Essa fumaça tornou o céu mais acizentado e também fez com que o sol apresentasse tons de laranja. Essas condições diminuem o efeito positivo de insolação e prejudicam o desenvolvimento das plantas, segundo o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar, nesta quinta-feira (05).
“Tanto plantas de lavoura, quanto pastagens e frutíferas precisam de radiação solar, quando a gente tem uma diminuição dessa disponibilidade, a planta vai ter uma taxa de fotossíntese menos eficiente”, explica Guilherme Zorzi, extensionista responsável pela área de grãos da regional de Bagé. Com isso, o crescimento das plantas é afetado de diversas formas, incluindo o enchimento de grãos, emissão de folhas e ganho de porte da plantas.
Apesar do impacto negativo, não é possível ainda calcular perdas. “A gente acredita que não seja algo preocupante demais, a não ser que seja um fenômeno que persista por muitos dias”, avalia Zorzi.
Trigo
O documento ainda confirma que as geadas ocorridas no início da semana anterior, entre 25 e 27 de agosto, causaram apenas danos pontuais nas lavouras de trigo do Estado. No entanto, as perdas ainda estão em processo de avaliação.
Neste momento, mais da metade dos cultivos de trigo estão nas fases finais do desenvolvimento vegetativo, o que abrange 56% das lavouras. “No período, a cultura foi favorecida pela elevação da radiação solar, combinada a condições de baixa umidade e temperaturas frias ou moderadas, o que potencializou o acúmulo de biomassa. Observou-se um aumento significativo na área foliar e na estatura das plantas, especialmente nas lavouras que receberam manejo técnico apropriado”, relata a Emater/RS-Ascar.
A maior preocupação em termos de doenças tem sido oídio. Segundo o Informativo, O manejo intensivo de fungicidas, aliado ao período seco e mais ensolarado, foi eficaz
na contenção da progressão de doenças.
Aveia branca
O desenvolvimento da aveia branca é considerado satisfatório, mas há “considerável variabilidade no potencial produtivo nas diferentes regiões do Estado”, conforme a Emater/RS-Ascar.
As geadas causaram danos em algumas áreas que estavam em fase reprodutiva, mas as perdas também ainda estão sendo avaliadas. A principal preocupação fitossanitária tem sido a ferrugem (Puccinia coronata f. sp. avenae), especialmente em áreas que receberam baixo investimento em manejo fitossanitário.
Canola
A maior parte das lavouras de canola está no estádio de floração. As flores amarelas criam um cenário que chama a atenção.
Devido às chuvas durante a germinação, as lavouras mais precoces, semeadas em abril e maio, apresentam menor densidade de plantas e potencial produtivo reduzido. Já as lavouras semeadas a partir de junho mantêm o potencial de boa produtividade, estimada em 1.679 kg/ha. Os danos das geadas da semana passada foram considerados pontuais e de baixo impacto.
“A maioria das lavouras apresenta sanidade adequada, especialmente em relação ao
mofo-branco, embora em algumas áreas tenha sido observada a presença de pulgão e traçadas-crucíferas”, aponta a Emater/RS-Ascar.
Cevada
A condição de desenvolvimento das lavouras de cevada também é considera satisfatória. Produtores se concentram no controle de doenças, especialmente oídio, por meio da aplicação de fungicidas.
As geadas causaram danos em algumas áreas do extremo Norte do Estado que atualmente estão em fase de floração. Na regional de Erechim, apesar de alguns danos pontuais em decorrência de geadas, as áreas semeadas no final da janela de plantio demonstram elevado potencial produtivo, o que coloca a expectativa de produtividade em 3.600 kg/ha.
Com informações da Emater/RS-Ascar