A safra de trigo de 2024, no Rio Grande do Sul, tem sido marcada por temperaturas amenas e um clima mais seco, condições que têm favorecido o surgimento de doenças como o oídio. Este cenário tem gerado preocupações entre a assistência técnica e produtores. Para entender melhor o impacto desta doença e as possíveis estratégias de manejo, a equipe do Destaque Rural foi até Ibirubá conversar com as fitopatologistas Camila Ranzi e Juliane Camera da Pesquisagro.
Condições Favoráveis ao Oídio
Camila Ranzi explicou que o oídio é causado por um fungo obrigatoriamente parasítico, que necessita de condições climáticas específicas para se desenvolver. “O oídio é causado por um fungo biotrófico e esse fungo requer condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento, que são temperaturas amenas e clima seco, como estamos observando na safra de 2024. Por isso, a intensidade e o aumento dessa doença têm sido progressivos”, destacou Ranzi.
Ela acrescentou que o fungo responsável pelo oídio é capaz de produzir uma grande quantidade de esporos rapidamente, com ciclos secundários muito curtos.”Essa grande massa de produção de esporos dificulta o controle da doença, requerendo tecnologias de aplicação e produtos específicos para o manejo.”
Impacto na Produção
Quando questionada sobre os danos causados pelo oídio na cultura de trigo, Camila Ranzi explicou que os prejuízos variam de acordo com a genética do material cultivado na área, mas podem alcançar perdas de até 60%.
Ela também detalhou como o oídio afeta diretamente as folhas da planta. “Ela afeta diretamente a folha, que é a área fotossinteticamente ativa da planta. Quanto maior a redução dessa área, menor será o enchimento de grãos e, consequentemente, a produtividade, impactando diretamente a produção.”
Estratégias de Manejo para Minimizar Perdas
Para enfrentar o desafio imposto pelo oídio, Juliane Camera destacou estratégias de manejo que os produtores podem adotar. “Primeiramente, a escolha de cultivares com resistência genética ao patógeno é uma alternativa importante”. Além disso, Juliane sugeriu que, ao perceberem um cenário climático mais seco, os produtores optem por tratamentos de sementes voltados especificamente para o controle do oídio, como o uso de carboxamida. “Posteriormente, pensando no manejo da parte aérea, após o tratamento e a implantação da cultura, é essencial que o uso de fungicidas químicos seja sempre preventivo. Produtos à base de triazóis, em alguns casos, são eficientes para o manejo desse patógeno, assim como as morfolinas”, ponderou a fitopatologista.