Julho é um mês central da estação inverno e costuma registrar ondas de frio, sendo que algumas são muito intensas. No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, julho costuma ser um mês chuvoso enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca com precipitações escassas no Centro-Oeste, no Sudeste e mesmo em parte do Paraná.
Em 2022, o mês de julho vai começar sob influência do fenômeno La Niña. Apesar de comumente associado à seca no Sul e chuva mais abundante no Nordeste do Brasil, os efeitos na precipitação no Sul do país são mais sentidos entre o final da primavera e o começo do outono. No inverno, muitos sistemas atuam no Sul brasileiro, o que costuma trazer mais chuva para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto o Paraná, pela sua posição mais ao Norte, sofre a influência do ar seco do Brasil Central e tem menor precipitação que os estados mais ao Sul. Por isso, mesmo com La Niña podem ocorrer eventos extremos de precipitação no Sul do Brasil e, em alguns casos, até com cheias de rios e enchentes.
Confira as previsões da MetSul para o próximo mês:
Chuva
Junho termina com chuva acima da média entre a Metade Norte gaúcha e o Paraná, enquanto a Metade Sul gaúcha encerra junho com precipitação abaixo da média. Os muitos dias de instabilidade contribuíram ainda para derrubar as temperaturas máximas para fazer de junho um mês frio, particularmente no Rio Grande do Sul. Julho promete ter cenário diferente na precipitação no Sul do Brasil em relação ao que se verificou em junho, invertendo-se os sinais nas diferentes áreas da região.
A tendência é de a chuva ficar abaixo da média na maior parte do Sul do Brasil em julho de 2022. O Paraná é o estado que menos deve ter chuva e o Rio Grande do Sul será o com os maiores índices de precipitação no Sul do país, mas ainda assim abaixo da média em muitas cidades. Parte do Oeste, do Leste e o Sul gaúcho podem ter maiores acumulados de chuva.
A tendência é de uma primeira metade do mês de chuva muito escassa por padrão de bloqueio atmosférico principalmente entre o Norte gaúcho e o Paraná. Na segunda metade do mês aumenta a chuva nos estados catarinense e paranaense, entretanto sem volumes que façam o mês se aproximar das médias.
Já para o Brasil Central, em grande parte do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil, a tendência aponta para chuva abaixo a muito abaixo da média. Este padrão, conjugado com a temperatura, favorecerá um número de queimadas acima do normal.
Temperatura
Junho foi um mês muito frio no Rio Grande do Sul e frio em Santa Catarina, mas no Paraná e na maior parte do Brasil Central foi de marcas acima da média. É muito provável que o mês que está chegando ao fim tenha sido o mais frio deste inverno na maior parte do Sul do país, uma vez que não se espera que julho ou agosto tenham temperaturas médias inferiores ao que se registrou agora em junho.
A tendência é que julho em 2022 tenha temperatura acima da média predominando no Centro-Sul do Brasil com grandes anomalias positivas de temperatura em algumas áreas. Portanto, nos casos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não haverá a repetição do padrão muito frio que se verificou em junho com grande número de dias com temperaturas mínimas e máximas abaixo do normal. Ao contrário, haverá muitos dias de temperatura agradável e alguns até quentes com calor, o que elevará as médias mensais e fará com que o mês termine com temperatura acima das normais históricas.
A tendência de temperatura acima da média para o mês no Sul do Brasil não significa que vai deixar de fazer frio. Vão ocorrer alguns dias frios no mês e até gelados, principalmente mais ao Sul gaúcho. Apenas que não devem ser frequentes e não se projeta uma sucessão de incursões de ar frio de forte intensidade. O que se espera são incursões de ar quente tanto na primeira quinzena como na segunda metade do mês que vão trazer um número de dias de temperatura agradável ou elevada acima do que se está acostumado a ver em julho, contribuindo para que o mês termine com temperatura acima da média nos estados do Sul.
Quanto ao Brasil Central, uma vez que não se espera uma alta frequência de frentes frias que cheguem à região e tampouco massas de ar frio em sequência que adentrem o Centro do país, a perspectiva é de predomínio de ar mais seco com grande amplitude térmica em que as noites são amenas ou frias, conforme a localidade, e as tardes sejam quentes na maioria de dias com marcas acima da média da estação. Há alta probabilidade de alguns dias de temperatura muito alta no Centro-Oeste e no Sudeste durante o mês de julho, o que deve fazer com que diversos pontos terminem o mês com média de temperatura muito acima do normal com os principais desvios positivos nas máximas que ficarão bastante acima dos padrões históricos em diversas cidades.
Fonte: MetSul