Hoje (24), ao sair de casa, os gaúchos precisaram levar um casaquinho para o casaquinho. O frio foi congelante. As menores temperaturas no Rio Grande do Sul observadas no começo desta terça-feira foram de -4,9ºC em São José dos Ausentes; -3,9ºC em Bom Jesus; -3,8ºC em Santa Rosa; -3,7ºC em Vacaria; -3,6ºC em André da Rocha e Ronda Alta; -3,3ºC em Cambará do Sul; -3,2ºC em Monte Alegre dos Campos e Capão Bonito do Sul; -3,1ºC em Pinhal da Serra; e -3,0ºC em Muitos Capões. O frio agrava, – e muito – o drama dos milhares de cerca de 7.098 desalojados pelas enchentes em 146 municípios do Rio Grande do Sul, muitos deles em abrigos ou casas de amigos e parentes.
Os termômetros, conforme a MetSul Meteorologia, indicaram ainda -2,9ºC em Pontão e Lagoa Vermelha; -2,8ºC em Ijuí; -2,5ºC em David Canabarro e Palmeira das Missões; -2,4ºC em Condor e São Francisco de Paula; -2,2ºC em Coxilha e Caxias do Sul; -2,1ºC em Porto Xavier, São José do Ouro e Carazinho; e -2,0ºC em Passo Fundo.
Outras dezenas de cidades amanheceram com temperatura entre -2ºC e 0ºC, como Cruz Alta (-1,6ºC), Tupanciretã (-1,4ºC), Três Passos (-1,3ºC), Farroupilha (-1,3ºC), Nova Palma (-1,2ºC), Soledade (-1,8ºC) e Serafina Corrêa (-1,2ºC), entre outras.
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Hoje é o 21º dia de 2025 com registro de temperatura abaixo de 0ºC no Estado, segundo a MetSul. Somente neste mês de junho já são 12 dias com mínimas negativas no RS e o número vai aumentar com o frio intenso esperado até o fim do mês quase sem trégua. Em Porto Alegre, a temperatura mínima no amanhecer de hoje foi de 6,1ºC na estação de referência do Jardim Botânico. No Aeroporto Internacional Salgado Filho, com 7ºC e vento de 57 km/h no começo da manhã, a sensação era de apenas 1ºC.
A MetSul projeta que a madrugada desta quarta-feira será ainda mais fria do que a de hoje com mínimas abaixo de 0ºC na maioria das cidades gaúchas e marcas extremas em baixadas do Norte e do Nordeste do Estado, como no Planalto, Serra Gaúcha, Alto Uruguai e os Campos de Cima da Serra. Na área de São José dos Ausentes, os termômetros podem indicar até -6ºC ou -7ºC.
O amanhecer congelante foi consequência de uma poderosa massa de ar polar que chegou ao Sul do Brasil ontem, impulsionada por um ciclone extratropical na costa da província de Buenos Aires, na Argentina.
Hoje (24), o centro da massa de ar polar estará sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná, com o ar frio influenciando ainda Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, parte de Goiás, Rio de Janeiro e ainda o Triângulo Mineiro e o Sul de Minas Gerais. Entre quarta (25) e quinta-feira (26), o ar mais gelado se afastará para o oceano, mas o começo da quarta-feira (25) será de temperaturas muito baixas e em alguns locais excepcionalmente baixas antes de um maior aquecimento esperado durante a tarde.
Esta incursão de ar polar que chega no começo desta semana será a de maior força ao alcançar o Sul do Brasil neste ano até o momento, embora não deva trazer imagens como a do ar polar do fim de maio que proporcionou a maior nevada no sul do País desde julho de 2021. As temperaturas mínimas, por outro lado, tendem a ser as mais baixas até o momento em 2025 em grande número de localidades com mínimas muito abaixo do normal para esta época do ano, que já é a mais fria da climatologia anual, e mesmo valores extremos em localidades de maior altitude da Região Sul.
Frio extremo
Modelos numéricos de previsão do tempo indicam que o ar estará atipicamente gelado em níveis baixos e médios da atmosfera entre hoje e amanhã sobre o Sul do Brasil, o que combinado com ar seco e vento mais fraco fará com que as madrugadas de terça (24) e quarta-feira (25) sejam as mais frias da semana na região.
Ontem, uma vez que a massa de ar frio estava recém ingressando, a grande maioria das localidades registrou as mínimas no final do dia, quando marcas abaixo de 0ºC ocorreram nas áreas de maior altitude. Combinado com o vento forte, devem ser esperados valores de sensação térmica de até -5ºC nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul e no Planalto Sul Catarinense.
Hoje e amanhã mínimas abaixo de 5ºC serão generalizadas na Região Sul e um grande número de municípios, na casa de centenas, deve ter mínimas perto e abaixo de 0ºC. A madrugada de quarta-feira (25), principalmente, pelo ar seco e o vento calmo, deve ter as menores mínimas na Região Sul.
Conforme os dados analisados pela MetSul, a temperatura pode despencar a valores excepcionalmente baixos no Planalto Sul Catarinense e nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul, nas áreas das cidades São José dos Ausentes, Bom Jesus, Cambará do Sul, Vacaria, São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urupema e Urubici. No Planalto Sul Catarinense, estações meteorológicas situadas em baixadas (onde esfria mais em noites de escassa nebulosidade e ar seco com vento calmo ou fraco podem registrar marcas tão baixas.
Neve granular
A massa de ar frio trará geada ampla, especialmente entre hoje e amanhã. Quando do ingresso do ar frio, pela força do vento e a temperatura muito baixa, existe o risco de geada negra em localidades de maior altitude. Embora a massa de ar frio seja mais intensa, as condições para a neve são muito menos propícias que na onda de frio do fim de maio. Isso porque no dia 29 de maio havia um ciclone rente à costa do Sul do Brasil, propiciando maior umidade e forte instabilidade, a ponto de terem ocorridos raios com temperatura abaixo de 10ºC.Mas teve chuva congelada ou graupel em Gramado e Santa Maria do Herval.
Segunda onda
Modelos numéricos indicam uma poderosa massa de ar polar de trajetória continental para o fim de junho e o começo de julho com seu centro no Norte da Argentina com uma alta pressão de quase 1040 hPa que irá prolongar a onda de frio até o começo de julho. Esta massa de ar frio passa a atuar no sul do Brasil entre os dias 29 e 30. Ocorre que os mesmos dados apontam que entre os dias 28 de junho e 1º de julho uma baixa pressão traria chuva por dias no sul do País e que poderia ser volumosa, o que preocupa com os rios altos neste momento. Ou seja, voltaria a esfriar muito com mínimas não tão baixas no fim do mês pela instabilidade, mas máximas muito baixas com dias de muito frio. Frio intenso em altitude e instabilidade são os ingredientes para neve, mas é cedo para avaliar chances do fenômeno nesta nova incursão de ar polar.
