Clima

Chuvas destroem lavouras e causam prejuízos ao agronegócio catarinense

As fortes chuvas dos últimos dias afetaram os cultivos, armazenamento e o escoamento de diversas culturas em Santa Catarina, incluindo hortaliças, frutas e arroz. Lavouras inteiras foram destruídas e animais morreram em decorrência das chuvas. A olericultura foi a cadeia produtiva mais atingida, em especial na região da Grande Florianópolis. Devido à dificuldade de acesso, os prejuízos ainda estão sendo apurados pela a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

As principais regiões afetadas pelas chuvas foram a Litorânea, Planalto Norte e Vale do Itajaí. Dificuldades de armazenamento e escoamento das produções nas regiões atingidas podem elevar as perdas financeiras nos próximos dias.

Não há previsão de chuva entre amanhã (07) e sábado (10), porém a Epagri/Ciram orienta que a população siga atenta ao site da instituição, onde são divulgados avisos de risco.

Grande Florianópolis

A produção de hortaliças, gado de corte e leite foram as mais afetadas na região da Grande Florianópolis. A falta de energia e a dificuldade de escoamento da produção devem elevar os prejuízos nos próximos dias, de acordo com a gerente regional da Epagri, Adriana Tomazi Alves. Também estão sendo apurados prejuízos na maricultura.

Em alguns municípios, os solos de lavouras inteiras foram removidos pela erosão, o que deve dificultar a retomada das atividades, de acordo com Marcelo Zanella, extensionista da Epagri.

Em Angelina, a falta de luz e de acesso às áreas rurais está impactando gravemente a capacidade de armazenamento da produção em câmaras frias e o escoamento, acarretando em mais perdas financeiras.

No município de Antônio Carlos, a alface é produzida prioritariamente em regiões ribeirinhas, o que fez com que a força das águas removesse lavouras inteiras. “A perda média é de R$ 30 mil com cada hectare de alface perdido”, calcula Zanelala.

Em São João Batista, os prejuízos nas áreas rurais estão concentrados em mandioca, fumo e em decorrência da morte de gado de corte. A colheita da cebola foi prejudica em Angelina, Rancho Queimado e Major Gercino. A falta de energia elétrica que persiste em muitos municípios da região pode impactar também a produção de aves e o armazenamento de leite.

Alto Vale do Itajaí

A cultura da cebola foi a mais afetada pelas chuvas na região do Alto Vale do Itajaí, mais especificamente no entorno de Rio do Sul. Segundo Daniel Rogério Schmitt, extensionista da Epagri, há grandes dificuldades para fazer a colheita com o tempo chuvoso.

Apenas cerca de 20% da cebola da região já foi colhida e, mesmo recolhidas, as cebolas permanecem úmidas o que dificulta a classificação e comercialização. “Cebolas colhidas com solo úmido trazem terra nas raízes e nos bulbos e, como não estão secas, sofrem mais danos nas máquinas limpadoras e classificadoras”, descreve o extensionista.

Devido aos problemas no escoamento, os preços ao produtor, que tinham recuado para R$ 4,00 a 4,50/kg no início da semana passada, retornaram para R$ 6,00/kg devido à falta de produto seco no mercado.

Nas demais culturas , há atraso nas colheitas de trigo e dificuldade na colheita de tabaco, além de atraso na semeadura de soja. “Mas, ainda são situações recuperáveis, especialmente com a melhora das condições climáticas previstas para o final dessa semana”, avalia o técnico da Epagri.

Planalto Norte

Os municípios de Rio Negrinho, São Bento Sul e Campo Alegre sofreram com perdas em áreas de olericulturas e em algumas lavouras de tabaco. Nas áreas de encostas de Corupá e Jaraguá do Sul, os bananais foram prejudicados. A cobertura de seguro nestas culturas pode diminuir o impacto das perdas, analisa Getúlio T. Tonet, extensionista da Epagri na região. Ele calcula que os maiores prejuízos estejam no transporte das produções, dificultado pelas quedas de barreiras nas rodovias de acessos ao litoral.

Sul

Até a segunda-feira (5), a região Sul do Estado ainda tinha áreas alagadas, principalmente na microrregião de Tubarão, que deve concentrar as maiores perdas. No local, há produção de arroz, milho, soja, feijão, fumo, batata, pastagens e etc.

A região Sul também enfrenta problemas no escoamento da produção, o que está aumentando os custos e ocasionado perdas em hortifrutigranjeiros e produtores de leite.

Nas microrregiões de Araranguá e Criciúma, os prejuízos ficaram restritos ao excesso de chuvas e umidade, o que afeta as hortaliças e aumenta os custos de produção com controle fitossanitário.

Litoral Norte

Os arrozais de praticamente todos os municípios do Litoral Norte sofreram com inundação, porém a inundação de dois a três dias no período de desenvolvimento vegetativo não provoca muitos danos nas lavouras de arroz, informa Adriana Andréa Padilha, extensionista da Epagri na região. Também não foram constatados acamamentos e amarelecimentos das plantas.

Inundações por um período mais prolongado podem resultar em prejuízo maior, com amarelecimento e apodrecimento das plantas. “Contudo, os percentuais de danos só poderão ser dimensionados com o passar do tempo”, esclarece a extensionista.

Os bananais da região foram menos afetados, porém as perdas são estimadas entre 5% a 10% da produção em alguns municípios, causadas por tombamento das plantas e atraso na colheita. O transporte da produção também foi prejudicado. O excesso de umidade também poderá provocar ataque de pragas nos bananais e atraso no desenvolvimento futuro.

Na produção de hortaliças, houve perda por alagamento em plantas que estavam prontas para colheita ou recém-semeadas. A produção em abrigo não foi afetada, pois os ventos não foram fortes. Como são culturas de ciclo curto, o prejuízo é recuperado mais rapidamente.

Na pecuária, há relatos de alguns animais arrastados pela correnteza na madrugada de ontem.

Com informações da Epagri