Clima

Após o frio recorde de novembro, ainda pode esfriar em dezembro?

A chuva vem desde cedo na região da Fronteira Gaúcha, e se espalha ao final da manhã e início da tarde nas áreas centrais e sul do io Grande do Sul, região de Chapecó-SC e Foz do Iguaçu-PR.

Apesar do calorão entre 37°C e quase 40°C que fez entre meados da semana passada e este domingo (20), em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e no oeste do Rio Grande do Sul, é o frio de novembro que se destaca. No início de novembro, o frio bateu recordes de décadas no Brasil e na Argentina. As áreas mais elevadas da serra de Santa Catarina  viram neve pela primeira vez em um dia deste mês, em plena primavera. 

Previsão para a Região Sul

A presença de cavados meteorológicos, instabilidades em altos níveis da atmosfera e o deslocamento de uma nova frente fria pela costa gaúcha são responsáveis pelas tempestades que atingem a região Sul a partir desta segunda-feira (21).

Há previsão de chuvas fortes, acompanhada de trovoadas e ventania. São esperados volumes elevados por todo o Rio Grande do Sul, região central de Santa Catarina e no oeste e sudoeste do Paraná, além de temporais, eventual granizo não está descartado.

A chuva vem desde cedo na região da Fronteira Gaúcha, e se espalha ao final da manhã e início da tarde nas áreas centrais e sul do io Grande do Sul, região de Chapecó-SC e Foz do Iguaçu-PR. Nas capitais sulistas, ate há condições de chuva, mas isoladas e passageiras, sem riscos de temporais. Rajadas de vento de 50 a 60 km/h são previstas para toda a costa leste do Rio Grande do Sul e litoral sul de Santa Catarina.

Na terça-feira (22), conforme a frente fria se desloca para o oceano, a chuva diminui na fronteira oeste e o ar seco já predomina na fronteira com Argentina e Uruguai. Nas demais áreas do estado gaúcho e sobre Santa Catarina e Paraná, ainda há condições de chuva e tempo mais fechado. Os temporais aumentam no leste dos estados, então a partir de terça-feira (22), há maiores condições de tempestades severas e chuvas fortes em Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

A temperatura declinará ao longo da semana em meados da semana, mas longe de fazer frio extremo.

Neve e recorde de geadas na serra catarinense

Os eventos de geada também já bateram recorde no Sul do Brasil. Segundo a prefeitura de São Joaquim e a agência de notícias São Joaquim Online, até o dia 18 de novembro foram registrados 12 dias com geada na região do Caminhos da Neve, a aproximadamente 3 km do centro da cidade, uma região de vale de montanha que normalmente é mais fria do que outras regiões de São Joaquim. 

Além disso, de acordo com Mycchel Legnaghi, que documenta o frio em São Joaquim a cerca de 20 anos, o número de geadas em novembro de 2022 superou o do ano de 2016. Outro fato inédito, segundo as observações de Mycchel, todos os meses de 2022 registraram até agora. 

Os cálculos do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), a média mensal da temperatura mínima de novembro dos últimos 5 anos em São Joaquim foi de 9,7°C, enquanto a média das mínimas da primeira quinzena de novembro de 2022  foi de 6,4°C.

Ainda pode esfriar em dezembro?

Diante de tantos tombos escandalosos da temperatura que já foram observados nesta primavera, com o La Niña ainda comandando o Pacífico Equatorial central-leste, surge uma dúvida que precisa ser respondida. 

Neste último mês de primavera corremos o risco de sentir novamente aquele frio forte do começo de novembro?

O meteorologista Vinícius Lucyrio, da equipe de previsão climática da Climatempo avalia que “um frio intenso como o do início de novembro é pouco provável. Mas ainda poderemos ter alguns poucos dias com noites e tardes com temperaturas abaixo do normal em dezembro.” 

Vinícius Lucyrio explica que “o Sul do Brasil poderá sentir um pouco de ar frio de origem polar, que seria responsável pela queda da temperatura além do normal. Mas no Sudeste e no Centro-Oeste, os dias frescos seriam por conta do excesso de nebulosidade e chuva, por causa de episódios de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) em dezembro.

La Niña

O fenômeno La Niña (situação em que a porção central-leste do oceano Pacífico Equatorial fica com temperatura abaixo da média normal) segue ativo e com moderada intensidade. Isto aumenta a frequência de frentes frias passando pelo Sul e pela costa do Sudeste na primavera e início do verão

Com La Niña presente, não se pode desconsiderar a passagem de algum ar frio acima do normal em dezembro. Mas o fato de estarmos a poucas semanas do solstício de verão (21/12/2022, data do início astronômico do verão), deixar a atmosfera sobre América do Sul naturalmente mais aquecida, um frio intenso como o do início de novembro é muito pouco provável.

Projeção do La Niña

Conforme a projeção mais recente (de 10 de novembro) do Climate Prediction Center, National Centers for Environmental Prediction e do NOAA/National Weather Service, que são centros de pesquisa e de monitoramento do clima global dos Estados Unidos, todos institutos de referência mundial nos estudos climáticos, existem 76% de chance de continuidade do fenômeno La Niña até o fim de fevereiro de 2023. A passagem para neutralidade do fenômeno deve ocorrer entre fevereiro e abril de 2023.