Enchentes

Alerta para chuvas volumosas nos próximos dias no Rio Grande do Sul

A principal preocupação no momento é para a chuva a partir de sexta-feira (10) até a próxima segunda-feira (13), que pode chegar a 250mm

Foto de Sobrevoo das áreas afetadas pelas chuvas em Canoas.
Mesmo chuvas pouco volumosas já causam preocupação | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Após um período de tempo seco na maior parte do Rio Grande do Sul, uma frente fria que já atuava no Sul do estado avança sobre todo o território gaúcho nesta quarta-feira (08). A expectativa é de que essa frente fria cause chuva na maior parte do estado. A preocupação aumenta diante da grave situação atual e da previsão de volumes consideráveis a partir da sexta-feira (10).

Para hoje (08), a expectativa são de volumes mais baixos do que na última semana, mas ainda assim há preocupação, principalmente pelo encharcamento do solo que dificulta a infiltração da água. A Defesa Civil estadual emitiu alerta para chuva forte, vento isolado acima dos 90 km/h, descargas elétricas e eventual queda de granizo em grande parte do estado. O alerta é válido até as 20h desta quarta-feira. “Caso seja surpreendido pelo tempo severo, busque abrigo, e não atravesse alagamentos a pé ou, mesmo, de carro”, informa o alerta.

Ventos

Na quinta-feira (09), ar frio deve ingressar no estado e não deve chover. “A parte ruim é que o vento deve virar para o quadrante Sul. Aí faz com que esse escoamento da água do Guaíba para a Lagoa dos Patos e para o Oceano fique represado. Então o baixar do nível das águas do Guaíba, na região Metropolitana, vai ocorrer de forma mais lenta”, explica a agrometeorologista do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Jossana Cera. O nível do Guaíba, em Porto Alegre-RS, baixou e está em 5,14 metros, conforme atualização da Defesa Civil de hoje, às 9h.

Chuva volumosa

A principal preocupação no momento é para a chuva a partir de sexta-feira (10) até a próxima segunda-feira (13). O maior volume de chuva está previsto justamente para a região do Centro, Vales, Região Metropolitana e até a região de Camaquã e parte da Serra, com volumes entre 80 a 150 milímetros. Entretanto, a chuva pode chegar até 250 milímetros em alguns pontos, especialmente no Vale, Serra e região Metropolitana. Essas áreas estão entre as mais afetadas pelas chuvas e enchentes no estado.

“Então é um volume menor do que a gente já teve, só que 50 milímetros já pode fazer um estrago e voltar a aumentar o nível desses rios […]. É uma situação preocupante, a gente vai monitorando nos próximos dias, mas é para as pessoas ficarem em alerta. Principalmente, as pessoas que estão fazendo o resgate, tentando ajudar de alguma forma, isso é um alerta, se a chuva apertar e ficar um pouco mais intensa, seria interessante as pessoas recuarem até para a gente não ter mais perdas de vidas”, alerta a agrometeorologista.

“Não é momento, nesses principais locais atingidos, de voltar para casa. Na Serra Gaúcha, especialmente, e em locais de Vales, tem ainda muita instabilidade nos terrenos, solos encharcados e riscos de deslizamentos, por isso a gente pede que as pessoas tenham toda a cautela ainda nos próximos dias e se mantenham em alerta em relação ao clima”, orientou o governador Eduardo Leite em vídeo nas redes sociais na noite desta terça-feira (07).

Causas

O volume de chuvas registrado na última semana atingiu extremos, passando de 200 mm em um único dia em cidades como Santa Maria. “É um volume muito elevado de chuva para apenas uma semana”, destaca Jossana. O volume que o estado registrou seria o esperado para um período de pelo menos seis meses de precipitação no Rio Grande do Sul.

Uma série de fatores gerou as chuvas extremas no Rio Grande do Sul. O primeiro é o bloqueio atmosférico, uma massa de ar quente e seco estabelecida entre o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Essa massa impediu o avanço de uma frente fria, que seguiu atuando sobre o Rio Grande do Sul. “Além disso, a gente teve toda a canalização do ar mais úmido que vem da região amazônica”, aponta a agrometeorologista. Além disso, o fenômeno El Niño segue influenciando o regime de chuvas.