A instabilidade das temperaturas prejudica a cultura do arroz

Mão de homem segurando uma espiga de arroz
Foto: David Sanchez/Divulgação

Na última semana, um sistema de baixa pressão estacionado no oceano Atlântico influenciou o clima no estado do Rio Grande do Sul. Com ventos de Leste predominantes, as temperaturas baixaram, agravadas pela presença de uma massa de ar seco. Essa combinação resultou em uma sensação térmica mais fria, atípica do mês de janeiro.

Além disso, o sistema favoreceu tempo seco na maior parte do Estado do RS e provocou chuvas significativas impactando o Estado de São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com a agrometeorologista do IRCA, Jossana Cera, o mês de janeiro revelou um padrão climático incomum, com temperaturas mais amenas do que o habitual para este mês, desviando-se da tendência de elevação térmica observada em anos anteriores.

Jossana destaca ainda que, na última semana, na região de Bagé, foi registrado cinco dias com temperaturas abaixo de 15ºC, o que pode ter causado alguns impactos negativos na cultura de arroz da região. “Quando a temperatura permanece abaixo de 15°C por três dias consecutivos, durante o período reprodutivo do arroz entre o estágio do emborrachamento e da floração, há riscos significativos. O momento crítico, conhecido como microspogenes, ocorre quando a panícula do arroz está prestes a emergir. Se temperaturas muito baixas persistirem nesse período, as lavouras podem sofrer extremidades, principalmente na Campanha, onde a maioria já passou desse estágio crítico. Contudo, lavouras ainda nesta fase podem enfrentar problemas, incluindo a formação de películas estéreis durante a floração”, diz Jossana.

Previsão do tempo para os próximos dias


A configuração da chuva nos próximos dez dias no Brasil terá um comportamento muito comum no verão com um canal de umidade organizado sobre o país que vai ser responsável por chuva abundante em diversas regiões, enquanto mais ao Sul e no Nordeste, se espera um quadro de chuva reduzida.

Nesta época do ano, durante o verão climático, a chuva no Brasil está associada principalmente ao calor e à umidade. Nuvens carregadas se formam por convecção e podem despejar altíssimos volumes localizados de chuva em curto intervalo, o que projeções para dez dias de modelos acabam não antecipando. São episódios isolados de precipitação extrema acompanhando temporais que podem trazer chuva de 100 mm a 200 mm em poucas horas.

Região Sul: o quadro de chuva será muito irregular e deficiente nos períodos em diversas áreas. Uma grande massa de ar seco e quente com forte onda de calor que se instala na Argentina vai se refletir no Sul do país com redução da precipitação e muitos dias de sol e calor forte a intenso, o que acaba por acelerar a perda de umidade do solo por evapotranspiração e pode afetar lavouras, em particular no Rio Grande do Sul.

Região Norte: A região Norte está no período mais chuvoso do ano, que se denomina de inverno amazônico, o período do calendário em que há uma maior concentração das chuvas que vai de dezembro até meados de maio, e que normalmente concentra 60% a 70% da precipitação do ano. Assim, embora ainda abaixo da média histórica em algumas áreas pelos efeitos do fenômeno El Niño, observa-se chuva com volumes altos em vários pontos do Norte do Brasil, na região amazônica. É o que se enxerga na projeção para os próximos dez dias em grande parte da região. Volumes altos de chuva são esperados no período em grande parte do Norte do país, como no Amazonas, Rondônia, Acre, Centro-Sul do Pará e no Tocantins. No Amapá, sobretudo no Leste do estado, chuva volumosa a excessiva ocorre pela influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Região Nordeste: a tendência é de chuva mais irregular com pouca chuva em muitas áreas. Chove mais no estado do Maranhão. Pontos da costa do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte podem ter chuva volumosa por influência da ZCIT. No Centro-Oeste do Brasil, a chuva será irregular, uma vez que a precipitação ocorre por pancadas associadas ao ar tropical quente e úmido e os volumes variam demais de um ponto para outro, mas há um aumento da chuva em relação aos últimos dez dias. Onde mais deve chover na região nos próximos dez dias é no estado Mato Grosso, no Distrito Federal, em Goiás e mais ao Norte do Mato Grosso do Sul.

Região Sudeste: também terá precipitações abundantes em diversos pontos com os maiores acumulados em locais de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e áreas de São Paulo próximas de Minas Gerais e perto do litoral. Em Minas, a região de Belo Horizonte pode voltar a sofrer com temporais, como ocorreu dias atrás. O Rio de Janeiro intercalará, assim como BH, períodos de sol e chuva com possibilidade de chuva forte e temporais em alguns momentos, notadamente em torno dos dias 1º a 3 de fevereiro e 5 a 7. Na cidade de São Paulo, pancadas de chuva fortes e temporais entre a tarde e à noite serão frequentes no períodos com registro de alagamentos.