Agronegócio

Safra do pinhão começa em 15 de abril com previsão de baixa produção

A safra de pinhão de 2022 no Rio Grande do Sul começa no próximo mês, no dia 15 de abril. A expectativa, no entanto, é de manter o baixo volume de produção dos anos anteriores, o que deve encarecer o produto no mercado e nas feiras de produtores onde é comercializado, segundo o extensionista da Emater/RS-Ascar, Antonio Borba.

A produção de pinhão tem um comportamento oscilante, o que determina a qualidade e volume das safras. “Normalmente, a araucária tem um ciclo de dois a três anos de boas produções e, depois, dois a três anos de produção decrescente”, diz Borba. A expectativa de diminuição no volume de produção do pinhão tem a ver com diversos fatores, sendo os principais “a forte estiagem, a diminuição da área de distribuição da araucária e a possível sobre-exploração do pinhão”, complementa.

Em 2020, o preço do quilo do pinhão chegou a R$ 18,00 no varejo, porém, dada a melhora na produção, diminuiu para R$ 12,00 em 2021. Para 2022, a expectativa é que os preços se mantenham no mesmo patamar do ano passado, caso se consolide a safra esperada.

Início da safra

A data que abre a safra é definida por normativa específica, e a coleta precoce, quando a semente ainda não está madura, configura crime ambiental. O pinhão, alimento típico da região Sul do país, tem data marcada no calendário desde 1976, quando foi lançada a Portaria que protege a araucária, árvore nativa do Bioma da Mata Atlântica, da exploração predatória, pois é uma espécie ameaçada de extinção.

A data é definida de acordo com a necessidade de desenvolvimento da semente da araucária (o pinhão), que só a partir da metade de abril, em média, atinge o ponto de maturação completo. A coleta, transporte e comercialização precoces configuram crime ambiental, cujas sanções são apreensão do material e multa. Além disso, o consumo do pinhão verde pode causar sérios danos à saúde, pois as sementes podem apresentar toxicidade neste período, devido ao alto nível de umidade, que propicia o desenvolvimento de fungos.

A preservação da araucária é considerada fundamental por motivos ambientais, econômicos e culturais. Primeiro, porque é uma planta emergente do dossel da Mata de Araucária. Isso significa que é uma espécie indicadora da qualidade e preservação deste ecossistema florestal. “A conservação da araucária é uma forma de garantir que aquele ecossistema florestal permaneça conservado”, aponta Borba. Além disso, o pinhão é um alimento muito demandado pela população da região Sul, de modo que sua venda configura uma das fontes de renda das famílias extrativistas. Por fim, o pinhão faz parte da cultura gaúcha, seja nas receitas típicas mais variadas, seja em festas tradicionais.

Preservação

No RS, há uma política pública estadual para a conservação da araucária, que é a Certificação Ambiental Agroflorestal e Extrativista da Flora Nativa, procedimento desenvolvido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). “A certificação dessas áreas permite que se tenha um plano de manejo para coleta e, inclusive, tratos culturais, como poda e desbaste de plantas concorrentes das espécies de interesse”, salienta Antonio. Desse modo, busca-se a garantia do papel da araucária de conservação da natureza e de alternativa de renda para os produtores.

Fonte: Emater/RS-Ascar