Agronegócio

Resultados de diagnósticos de projetos de pecuária

Índice pluviométrico, temperatura e balanço hídrico são fatores que estabelecem os potenciais de produção vegetal em um determinado ambiente.

Dos diagnósticos realizados entre 2002 e 2020 em mais de 400 propriedades de pecuária de corte, baseados nos inventários de recursos, conclui-se que:

a) o índice pluviométrico anual das fazendas diagnosticadas apresentou uma variação desde 400mm, em clima semiárido no bioma Caatinga, até 3.000mm, em clima tropical equatorial no bioma Amazônico;

b) a temperatura média anual variou entre 16 graus, na região Sul, a 27 graus, nas regiões Norte e Nordeste;

Um detalhe: a maioria das fazendas não tem um controle confiável dos elementos climáticos. Índice pluviométrico, temperatura e balanço hídrico são fatores que estabelecem os potenciais de produção vegetal em um determinado ambiente.

c) a fertilidade do solo foi o fator que limitou e estabeleceu o potencial de produção de forragem, e consequentemente a capacidade de suporte da pastagem, mesmo em clima semiárido com índice pluviométrico médio histórico de 400mm por ano. Dentre os nutrientes limitantes no solo, na maioria das milhares de análises interpretadas, o nitrogênio e o fósforo foram os mais limitantes;

Outro detalhe: a maioria das fazendas não tem análises de solos, e quando tinham, eram antigas e incompletas.

d) apesar da grande amplitude de variação climática e de solo pela extensão do território brasileiro, e apesar de haver disponível quase uma centena de opções de plantas forrageiras para diversificar as pastagens, há um monocultivo de gramíneas forrageiras e, dentro deste monocultivo de gramíneas, uma predominância de forrageiras do gênero Brachiaria sp;

e) as pastagens foram relativamente bem estabelecidas, tinha um razoável estande de plantas forrageiras, e na grande maioria era possível recuperar seu vigor e produção por meio de recuperação direta;

f) a maioria não adotava um programa de manejo e controle de plantas infestantes e os métodos adotados eram de baixa eficácia;

g) do mesmo modo, a maioria não adotava um programa de manejo e controle de pragas que atacam pastagens;

h) a maioria não adotava a correção e adubação do solo e os poucos que faziam seu uso era apenas no estabelecimento da pastagem;

i) praticamente nenhuma propriedade adotava a irrigação do solo da pastagem;

j) a maioria não tinha definido o método de pastoreio, mas pelos diagnósticos feitos predominava o método de lotação continua. Outro detalhe: a maioria não sabia a área efetivamente empastada;

k) em nenhuma fazenda se adotava a metodologia de medição da altura do pasto e da produção de forragem da pastagem;

l) na maioria das fazendas não foi encontrada infraestrutura que permitisse de início a intensificação da pastagem para trabalhar com altas taxas de lotação e lotes grandes de animais (cochos, bebedouros, sombreamento …);

m) a maioria não tinha um programa de pesagem do rebanho e os poucos que pesavam não tinha um protocolo padrão de pesagem;

n) também não havia programas de nutrição específicos para as diferentes categorias animais do rebanho e a condição da pastagem ao longo do ano (disponibilidade e valor nutritivo);

o) a maioria não tinha um calendário padrão com os eventos e ações que ocorrem rotineiramente ao longo do ano;

p) a maioria não tinha financiamentos contratados, apesar de haver linhas de financiamentos disponíveis;

q) a maioria não tinha um organograma das posições e das funções dos integrantes da equipe;

r) na maioria das fazendas a relação cabeças de animais do rebanho:funcionários era muito baixa;

s) a maioria não alugava ou arrendava suas terras, mesmo havendo opções para tal na região (aluguel para animais, arrendamentos para usinas de cana, para produtores de grãos, para reflorestamentos …);

t) poucos pecuaristas apresentaram seus objetivos e metas e colocaram suas dúvidas sobre a sua atividade;

u) a maioria não tinha controle de indicadores técnicos e econômicos.

Na próxima edição darei continuidade na parte 2 deste artigo sobre os resultados de diagnósticos de projetos de pecuária – aguarde.

*Zootecnista, professor de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia e de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

Fonte: Scot Consultoria