Agronegócio

Produtores gaúchos registram "quedas consideráveis" de receita

Todas as culturas apresentaram queda de produtividade na última safra de verão gaúcha, inclusive as irrigadas. As receitas também tiveram quedas consideráveis, conforme os dados levantados pelo programa Campo Futuro, uma realização da CNA com Esalq/CPEA, com a participação da Farsul no Rio Grande do Sul.

Conforme o economista da Farsul, Ruy Silveira, um dos responsáveis pelo levantamento no estado, os custos ligados à colheita, como frete e operação mecânica, não aumentaram tanto quanto os insumos, sendo que o grupo Fertilizantes foi quem mais pressionou o custo total.

O arroz irrigado teve uma quebra grande, conforme aponta Silveira. “Geralmente essa quebra é em enchente, mas a estiagem gerou perdas consideráveis”, comentou. Indicando que os valores de fertilizantes quase dobraram na última safra. Em Uruguaiana, o levantamento indica que, para cobrir o custo total, o prejuízo das lavouras foi de R$ 1.035,00 por hectare. “Além disso, mesmo que a quebra de produtividade do arroz tenha sido menor de uma forma geral no estado, tivemos queda de cerca de 10% nos preços”, indicou.

Na soja, principal cultura do estado atualmente, a queda de produtividade foi de 44% de uma forma geral. Mas, na região com maior concentração de lavouras, a quebra foi de 61%. Já as regiões Sul e Litoral tiveram uma perda menos acentuada, em torno de 20%. “Em praticamente todas as praças levantadas os produtores fecharam com prejuízo em todos os níveis de custos. Já largaram perdendo. Mesmo com aumento médio de 28% no preço, não foi suficiente para cobrir”, avaliou Silveira que apontou Tupanciretã como o painel com pior resultado. A produtividade média teve uma queda de 59 sacos por hectare para 13. Aqueles produtores que conseguiram implantar uma segunda safra com irrigação, diminuiu o prejuízo do sequeiro. “Produtor que irrigou teve queda, mas conseguiu cobrir custo total, teve preço”, analisou o economista.

O milho apresentou o pior resultado entre os grãos, com queda de 71% na produtividade. Isso fez com que, mesmo tendo preço médio melhor, a receita caiu 64%. “Foi onde doeu mais para os produtores porque a queda foi muito grande. O prejuízo gira em torno de R$ 5 mil por hectare”, comentou Silveira. Ele explica que se fosse mantida a produtividade da safra 2020/2021, o produtor teria uma margem bem melhor neste ano. No caso das lavouras irrigadas, embora os custos sejam maiores do que do sequeiro e tenha ocorrida uma queda de 15% na produtividade, houve uma margem 21% melhor.

Inverno

Nas culturas de inverno, a última safra de trigo teve um custo total 62% maior. Algumas regiões tiveram perdas, mas foram pequenas e os preços estavam 13% melhores. Silveira destaca que a safra de verão aconteceu no início do processo inflacionário, enquanto que a de inverno aconteceu já com preço elevado. “Ano passado as margens foram positivas o que é muito bom porque a cultura, historicamente, dá prejuízo. Mas, mesmo que a receita tenha aumentado o custo foi demasiadamente maior”, avaliou.

Fonte: Sistema Farsul