Mercado

Expectativa de boa safra norte-americana volta a pressionar preços da soja

Após movimento de alta, cotações voltaram a cair nesta terça-feira (25)

Foto de grãos de soja.
Números do estoque norte-americano também podem influenciar preços | Foto: lifeforstock/Freepik

As cotações da soja registraram movimento de alta na segunda-feira (24). Apesar do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que apontou para piora nas condições de lavoura, analistas do mercado consideram que a alta das exportações norte-americanas de farelo de soja foi o principal fator para a elevação dos preços. Como efeito, os preços da commodity voltaram a recuar hoje (25).

De acordo com o relatório do USDA, 97% da área americana de soja já foi plantada e 67% está em boas e excelentes condições. Na semana passada, o índice de qualidade era de 70%. Apesar da redução, esse movimento é considerado natural pelo avanço do cultivo. “Apesar da redução em relação à semana passada, a gente ainda pode dizer que o início desta safra americana é muito bom”, avalia o Gerente de Relacionamento da Hedgepoint, Rodrigo Lamberti.

A queda dos preços nesta terça-feira (25) mostra que a alta de ontem foi um movimento pontual diante dos números de exportação. “Indica que o mercado está encarando esse início de safra 24/25 nos Estados Unidos como um início muito bom. […] Realmente a perspectiva é de uma safra muito boa, por isso hoje os preços estão se corrigindo e caindo tudo o que subiram ontem”, explica o especialista.


A tendência é de que esse movimento continue ao longo da semana. Na sexta-feira (28), será divulgado o relatório com a área total de soja nos EUA, o que pode impactar novamente mercado. A expectativa é de que o número supere a intenção de plantio e chegue a 35,1 milhões de hectares. Resultados que destoem desse número podem influenciar os preços. “Dependendo da área que o produtor americano plantou de soja ou de milho, pode ser que tenha um movimento de preço muito forte”, indica Lamberti.

Estoque

O relatório de sexta também deve apresentar números do estoque norte-americano de soja. Até o momento, os números do USDA e o clima indicam a possibilidade de safra recorde nos Estados Unidos. A perspectiva do mercado é de 27 milhões de toneladas no relatório de junho. “Se o clima continuar bom, pode ter muita oferta nos Estados Unidos e continuaria essa tendência de preços mais baixos. Porém, se o clima entre julho e agosto piorar, você pode ter oportunidades de preços altos em que o mercado sobe muito, especulando sobre o clima. Dependendo de como a safra se desenhe, pode ser que esse movimento de alta reduza depois”, avalia o especialista.

Economia

O mercado de soja brasileiro também é impactado pelo cenário macroeconômico. Diante de taxas de juros altas nos Estados Unidos, há aversão ao risco. “Os fundos, boa parte do que poderia ir para mercado de risco, que é o mercado de commodities e o mercado de moedas emergentes como o real, esse dinheiro acaba saindo e vai para títulos públicos, para títulos mais seguros”, explica Lamberti. Esse cenário se reflete na queda dos preços da soja na bolsa de Chicago e também na desvalorização do real frente ao dólar.