Agronegócio

Preços globais dos alimentos recuaram em outubro, com ajuda do Brasil

Índice da FAO registrou a segunda queda mensal consecutiva, com baixa de açúcar, cereais, óleos vegetais e carnes.

Os preços globais dos alimentos recuaram pelo segundo mês consecutivo em outubro e chegaram ao patamar mais baixo em 31 meses, segundo a FAO, agência da ONU para agricultura e alimentação. Ofertas de cereais mais generosas do que as esperadas em alguns países e o ritmo de moagem da safra de cana-de-açúcar no Brasil determinaram a queda.

Desde março de 2021 o índice global de preços medido pela FAO não registrava um nível tão baixo. Em outubro, as retrações foram de 0,55% em comparação a setembro e de 10,9% em relação a outubro de 2022.

Depois de dois meses consecutivos de altas expressivas, os preços do açúcar voltaram a cair e foram os principais responsáveis pela queda do indicador geral. Em outubro, o preço médio da commodity recuou 2,2% em comparação a setembro. No entanto, o valor ainda permaneceu 46,6% acima do registrado em outubro do ano passado.

“A queda em outubro foi impulsionada principalmente pelo forte ritmo de produção no Brasil, apesar do impacto negativo das chuvas na moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena do mês. O enfraquecimento do real frente ao dólar e a redução dos preços do etanol no país também pesaram nas cotações mundiais do açúcar”, diz a FAO em seu relatório.

Mesmo com a queda, a entidade ainda se mostra preocupada com a oferta restrita de açúcar para o ciclo 2023/24. Os atrasos nos embarques brasileiros de açúcar, motivados por restrições logísticas, e as condições da safra de cana na Índia ainda geram incertezas sobre o volume disponível para o mercado.

Os cereais também deram uma contribuição importante para a queda dos alimentos em outubro. O preço médio recuou 1,1% no mês passado em comparação a setembro e registrou baixa de 17,9% nos últimos 12 meses. Segundo a FAO, os preços internacionais do trigo caíram 1,9% em outubro, refletindo a maior disponibilidade do cereal nos Estados Unidos e o aumento da concorrência entre os exportadores.

O milho ainda tem exercido certa pressão sobre os preços dos cereais, especialmente devido à quebra de safra na Argentina. Essa pressão só não tem avançado mais intensamente por conta do avanço da colheita nos Estados Unidos e também pelo crescimento das exportações do Brasil.

A queda internacional dos preços dos alimentos só não se intensificou no mês passado por causa dos lácteos. Os preços médios desses produtos voltaram a subir depois de nove meses de quedas consecutivas. Em comparação a setembro, o avanço foi de 2,2%, e a queda acumulada em 12 meses caiu para 20%.

Importadores asiáticos elevaram a demanda por leite em pó no mês passado, tanto com contratos de curto quanto de longo prazo. A escassez de oferta de leite na Europa e alguma incerteza sobre o impacto das condições climáticas do El Niño na produção de leite na Oceania aumentaram a pressão sobre os preços. 

“Os preços mundiais da manteiga também subiram devido ao aumento das vendas antes das férias de inverno na Europa Ocidental e à maior procura de importações do Nordeste Asiático. Em contraste, os preços internacionais do queijo caíram ligeiramente devido ao impacto do enfraquecimento contínuo do euro face ao dólar dos Estados Unidos e ao aumento das disponibilidades exportáveis na Oceânia”, diz a FAO.

Fonte: InfoMoney