Os produtores de lúpulo do Rio Grande do Sul são jovens, a maioria é do sexo masculino, produz em áreas com até cinco hectares, pretende ampliar o cultivo, está na atividade há no máximo três anos, produz suas próprias mudas e utiliza sistema de irrigação.
Os dados fazem parte de um questionário, respondido por 40 produtores gaúchos participantes do Projeto Monitoramento e Desenvolvimento da Cultura do Lúpulo. Os resultados foram apresentados nesta quarta-feira (22) no Seminário sobre Produção de Lúpulo no RS, transmitido de forma online pelo YouTube do Rio Grande Rural da Emater-RS/Ascar.
Os produtores entrevistados são de 32 municípios, sendo que a maioria está concentrada nas regiões Norte, Nordeste e Centro. A pesquisa mostrou que 55% têm idade entre 30 e 39 anos (22 produtores), e 20% (8) tem entre 50 e 59 anos, 90% (36) são homens e 10% (4) são mulheres, 75% (30) são proprietários da terra e 50% (22) deles estão na atividade há menos de três anos. Dos pesquisados, 67,5% (27) produzem em áreas de até cinco hectares e 20% (8) têm entre seis e 20 hectares. A maioria (85%), realiza outra atividade além da agropecuária, como produção de frutas, grãos e gado de corte e ovinos.
Entre as 20 variedades utilizadas no cultivo, estão a Cascade (35 produtores), Hallertau Mittelfrüh, Columbus e Commet. “Cada variedade é indicada para a produção de um tipo de cerveja, por isso as diversas variedades cultivadas no Rio Grande do Sul”, destaca o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Oliveira, do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Vitivinicultura (CEVITIS/DDPA) de Caxias do Sul. Segundo ele, a Cascade, por exemplo, é indicada para a produção de cervejas tipo Apa, Pale Ale, Ipa, Witbier e Imperial Stout.
A maioria dos produtores gaúchos (82,5%) usa o sistema de irrigação do tipo gotejamento para a cultura, e faz a sua própria produção de mudas (77,5%). Os sistemas mais utilizados são de treliça alta em V, treliça alta com haste única e latada.
“Os principais destinos do lúpulo são a produção própria de cerveja (62,5%), cervejarias artesanais (50%) e microcervejarias (45%). A entrega para grandes cervejarias ainda é pequena”, destaca o pesquisador. Segundo Oliveira, a demanda é muito grande, já que 90% do lúpulo são importados.
“É um cultivo que está em expansão no país, vários produtores têm interesse no lúpulo e o aumento da área cultivada mostra isso”, destaca o médico veterinário Alexander Cenci, pesquisador do DDPA da Secretaria da Agricultura. Para ele, as novas dinâmicas do mercado cervejeiro estão abrindo os mercados, e a parceria que está sendo desenvolvida entre universidades, pesquisadores, produtores, Emater e Secretaria da Agricultura é muito importante para o fortalecimento desta nova cadeia produtiva.
O projeto está no seu segundo ano e é desenvolvido pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (DDPA/Seapdr) em parceria com a Emater, Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).
Mercado
O engenheiro agrônomo Marcus Outemane, da empresa Salva Hops, apresentou uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), em 2021, que mostra que a produção de lúpulo no Brasil está concentrada em 12 estados, sendo os maiores produtores São Paulo e Minas Gerais, em uma área de 40 hectares e com produção de 25 toneladas. Para este ano a expectativa é de uma área de 100 hectares e uma produtividade maior, dentro dos padrões internacionais. “O mercado cervejeiro está se espalhando, os consumidores buscam por cervejas diferenciadas e a demanda pelo lúpulo está cada vez maior”, destaca. É um mercado gigante, afirma. O número de cervejarias no Brasil passou de 40 em 2000 para 1383 em 2020.
Outemane destaca que a escolha da área, o preparo do solo e o sistema de condução de acompanhamento são fundamentais para o sucesso do empreendimento, que tem um investimento inicial alto. São cerca de R$ 200 mil reais por hectare, sendo os principais custos o valor das mudas (em média R$ 25 cada) e a estrutura. O custo de manutenção já é bem menor, sendo os principais o de mão-de-obra, adubação por cobertura anual e sizais. A previsão de retorno do investimento é entre cinco e seis anos.
Fonte: Seapdr