Agronegócio

Operação desmantela organização envolvida no comércio de agrotóxicos proibidos

Quatorze pessoas foram presas e quase uma tonelada de embalagens falsificadas de agrotóxicos foi apreendida, na manhã desta quinta-feira (15), pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, durante a Operação Hórus. A investida, que desmantelou uma organização criminosa que comercializava e falsificava agrotóxicos de uso proibido no Brasil, foi deflagrada no Rio Grande do Sul e nos estados do Paraná e Bahia.

Leia aqui: Contrabando de agrotóxicos cresce com demanda e associação ao crime organizado

Foram executadas mais de 160 ordens judiciais: 11 mandados de prisão preventiva (chefias da organização), 55 mandados de busca e apreensão em residências e empresas (em 15 cidades do RS, 1 do Paraná e 5 na Bahia), 22 mandados de busca e apreensão de veículos (usados ou adquiridos pela organização criminosa), 37 mandados de sequestro de bens e rendas e suspensão dos CNPJs das empresas “laranjas”.

A investigação

As investigações da Draco São Luiz Gonzaga iniciaram há cerca de um ano, a partir de estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Eles indicavam que, desde meados do ano de 2021, o RS tornou-se a porta de entrada de agrotóxicos ilegais fabricados na China e na Índia, que ingressam no território brasileiro pelos países vizinhos da Argentina e Uruguai.

Tal situação resultou num trabalho conjunto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que, por intermédio da Operação Hórus e Operação Controle Brasil, mapeou alguns grupos envolvidos e os pontos de ingresso dos agrotóxicos, resultando num trabalho investigativo que congregou todas as bases Hórus da Polícia Civil.

De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa tinha como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga/RS e se dividia em seis células, que eram compostas por 34 pessoas físicas e três pessoas jurídicas (empresas). Dois grupos menores, um deles sediado na zona rural de Roque Gonzales/RS e outro em Humaitá/RS, eram os responsáveis pelo fornecimento dos agrotóxicos proibidos e insumos usados na falsificação.

As demais quatro células se dividiam na falsificação dos produtos e embalagens, na venda dos agrotóxicos proibidos e na lavagem da renda do crime por meio de “laranjas”, tendo como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga/RS.

No decorrer das investigações, os órgãos apuraram que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários, alguns deles do ramo de insumos agrícolas, sendo que alguns deles movimentaram, em poucos meses – de janeiro a agosto de 2022 – mais de 25 milhões de reais em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e amantes).

Ainda conforme a Polícia Civil, a organização criminosa enviou cargas de agrotóxicos ilegais para diversos produtores rurais do Brasil, em especial do Rio Grande do Sul e Bahia.

A Draco São Luiz Gonzaga monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro auferido com a venda criminosa dos agrotóxicos ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, “amantes” e empresas.

Além da Polícia Civil, participam da operação agentes da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento (Mapa), Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura e Instituto-Geral de Perícias. No Paraná e Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Mapa.

Confira também

Fonte: Polícia Civil