Agronegócio

O potencial dos adubos orgânicos na recuperação das pastagens

Para atingir a meta do governo federal, que prevê a recuperação de 40 milhões de hectares de pastos degradados visando a sustentabilidade ambiental e o crescimento do agronegócio brasileiro, inúmeras empresas estão investindo em produtos orgânicos que melhoram a fertilidade do solo.

O Dr. Thiago Assis Rodrigues Nogueira, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, do Campus de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), aponta que os fertilizantes minerais têm um valor elevado e que cerca de 80% é de origem importada, demonstrando um acentuado grau de dependência externa, em um mercado ainda dominado por poucos fornecedores e abrindo um vasto campo de possibilidades para os orgânicos.

Nogueira destacou que a maioria dos fertilizantes minerais importados vem da Rússia, China, Canadá, Marrocos, Estados Unidos e Arábia Saudita. “São produtos caros, finitos em alguns casos, como o fósforo, e precisam de um gasto energético e recurso financeiro grande para que estejam em condições de uso na agricultura. Extraídos do solo, minas ou rochas, os fertilizantes minerais passam por processos industriais e são produzidos por meio de modificações e transformações químicas, tornando estes insumos muito caros. Além disso, a referência de seu preço é o dólar, sujeito às flutuações do câmbio. Quem paga a conta é o produtor rural e, em última instância, o consumidor final, com o aumento do preço dos alimentos”, explica.

O professor reforça ainda, que o cultivo das pastagens ou das espécies forrageiras é altamente dependente de fertilização, seja ela orgânica ou mineral. “Há necessidade anual de reposição de alguns nutrientes. Com isso, a adubação orgânica pode complementar ou substituir parcialmente a mineral, fornecendo nutrientes e ajudando a recuperar pastos degradados”.

Fazer uso de um composto orgânico registrado como fertilizante orgânico no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), produzidos a partir da compostagem de lodo de esgoto e resíduos industriais, além de incrementar a quantidade de nutrientes no solo, aumenta a ciclagem e aproveitamento desses elementos, eleva a capacidade de troca de cátions reduzindo perdas por lixiviação (processo que resulta na perda de nutrientes para uso pelas plantas), proporciona maior estoque de carbono no solo promovendo contribuição direta nos impactos da mitigação das mudanças climáticas, contribui para uma maior retenção de água e favorece o aumento das comunidades microbianas no solo.

“A matéria orgânica vinda do fertilizante orgânico ajuda a disponibilizar o fósforo, que é muito adsorvido ou retido/fixado em solos tropicais, como é o caso da maioria dos pastos brasileiros”, salienta Nogueira.

Com a utilização de adubos orgânicos, ocorre uma disponibilização mais lenta de nutrientes como nitrogênio, potássio e fósforo e outros micronutrientes contidos nos compostos. Por isso, há um melhor aproveitamento da planta ao longo do ciclo, garantindo a manutenção da produção agrícola, concomitantemente à melhoria da saúde do solo.

Fonte: Tera Nutrição Vegetal