Agronegócio

Mercado de trabalho do agro: menor, mas mais formal e melhor remunerado

Um estudo recente realizado pelo FGVAgro revela que, desde 2016, o mercado de trabalho no setor agro (que engloba agropecuária e agroindústria) encolheu devido à redução das ocupações informais

Um estudo recente realizado pelo FGVAgro revela que, desde 2016, o mercado de trabalho no setor agro (que engloba agropecuária e agroindústria) encolheu devido à redução das ocupações informais. No entanto, as vagas formais registraram um crescimento notável, resultando na maior taxa de formalidade da série histórica e em uma remuneração média mensal mais elevada.

Apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos, como a crise econômica, greve dos caminhoneiros, pandemia de Covid-19, quebra de safra e guerra na Ucrânia, o setor agro respondeu de maneira diversa:

•    Agricultura: Resistiu bem, mesmo com quebras de safra, registrando um aumento de 34,1% na produção de grãos entre 2016/17 e 2022/23, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

•    Pecuária: Continuou a crescer, impulsionada pela demanda internacional por carnes brasileiras devido à Peste Suína Africana (PSA). O valor bruto da produção da pecuária aumentou 14,6% no mesmo período.

•    Agroindústria: Enfrentou desafios devido à greve dos caminhoneiros e à pandemia, resultando em uma produção abaixo dos níveis de 2016 (-4,4%), de acordo com o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro).

Essas tendências no setor agropecuário tiveram impacto direto no mercado de trabalho. O estudo buscou analisar a qualidade dos postos de trabalho, bem como a remuneração média mensal e a criação de novos empregos.

Aumento na Qualidade dos Postos de Trabalho e Remuneração Maior

•    Expansão do Número de Postos de Trabalho: O mercado de trabalho do setor agro encolheu entre 2016 e 2023, com uma perda de 558,0 mil postos de trabalho (-3,9%). No entanto, as vagas formais aumentaram em 6,8%, adicionando 366,3 mil novos empregos.

•    Maior Formalidade: O setor agro atingiu sua maior taxa de formalidade (41,5%) na série histórica, iniciada em 2016. Isso reflete um aumento na qualidade dos empregos, uma vez que os trabalhadores formais têm mais direitos trabalhistas e remunerações melhores.

•    Remuneração Média Mais Alta: A remuneração média dos trabalhadores do setor agro cresceu 12,6% em termos reais entre 2016 e 2023, atingindo R$ 2.018,99. Isso representa um aumento significativo em comparação com o crescimento médio da remuneração em todos os setores da economia, que foi de 4,3% no mesmo período.

•    Setor Agro Mais Formal e Remunerado: A diferença entre a remuneração no setor agro e a remuneração média de todos os setores da economia diminuiu ao longo do tempo. Em 2016, os trabalhadores do setor agro recebiam 66,0% da remuneração média brasileira; em 2023, essa proporção subiu para 71,2%.

•    Agropecuária Lidera a Melhora: A agropecuária liderou a expansão na qualidade dos postos de trabalho, com aumento de 176,0 mil vagas formais e uma queda de 1,1 milhão de empregos informais. A remuneração média mensal também cresceu 24,4% no período.

Agroindústria e seu Desempenho

•    A agroindústria, por outro lado, não registrou aumento na remuneração média mensal. A queda foi exclusivamente no segmento de produtos alimentícios e bebidas, cuja remuneração contraiu 6,9% no período.

•    Apesar disso, a agroindústria demonstrou ser mais resiliente em comparação com outros ramos industriais, visto que a indústria geral teve uma contração de 1,8%, e a indústria de transformação, uma queda de 4,8%.

As informações foram divulgadas pela FGV.

Fonte: Agrolink