Agronegócio

Mais uma semana sem chuvas no Sul, aponta Santos

Falta de chuvas prejudica o pleno desenvolvimento das lavouras na América do Sul.

Nesta semana não há previsão de chuva em grande parte da região sul da América do Sul. “Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai sem nada de chuva essa semana”, alerta o agrometereologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos. A exceção fica para a faixa leste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e de São Paulo; onde há previsões de eventuais pancadas de chuvas entre hoje (6) e terça-feira (7).

As chuvas ficam concentradas sobre a faixa norte do Brasil, principalmente, sobre o norte do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, e no Matopiba. “Devido à presença de uma frente fria no litoral do nordeste, mantém os corredores umidade todos voltados para essa faixa do Brasil. Portanto, Rondônia, norte do Mato Grosso e de Goiás, Minas Gerais, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia com chuvas diárias ao longa dessa semana”, explica.

Há previsões de chuvas rápidas e de fraca intensidade sobre o Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. “Porém, já na quarta-feira (8), a frente fria se afasta e avança para a região norte do Brasil. Deixando essas áreas do norte com muita chuva, inviabilizando as atividades de campo como plantio e tratos culturais”, ressalta o agrometereologista.

Lavouras

Essa ausência de chuvas no Sul, traz grandes preocupações para o andamento das lavouras de soja e milho. “No Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina, oeste do Paraná, São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul, Paraguai, Uruguai e Argentina essa ausência de chuvas já começa a trazer algumas preocupações. Com exceção do Rio Grande do Sul, onde já há quebras na produção de milho e replantio da soja, nas demais regiões ainda estão mais tranquilas, porque choveu nos últimos 10 dias”, frisa.

Desse modo, mesmo sem chuvas essa semana, a tendência é de uma condição um pouco melhor para essas regiões quando comparadas às lavouras gaúchas; onde “não tem nada de chuvas já há algumas semanas, e isso vem trazendo quebras na produtividade”, alerta.

A tendência é que só volte a chover sobre o Sul entre o domingo (12) e a segunda-feira (13); quando uma nova frente fria estará passando e organizando os corredores de umidade sobre essa faixa sul do Brasil. “Essas chuvas ainda serão irregulares e de fraca intensidade, e não vão recuperar a umidade do solo das lavouras. E isso pode atrapalhar, novamente, o pleno plantio das novas safras de soja”, explica Santos.

Segunda quinzena

A terceira semana do mês deve ser marcada, novamente, por chuvas mais regulares na faixa central do Brasil. “No sudeste e centro-oeste, há previsão de chuvas regulares; mantendo as condições bastante favoráveis ao pleno desenvolvimento das lavouras, apesar da baixa taxa de radiação solar e dificuldades da realização dos tratos culturais”, informa.

O panorama climático deste mês é semelhante a novembro com chuvas mais concentradas sobre a faixa central e norte do Brasil. E uma ausência de chuvas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, sul do Paraguai, Uruguai e Argentina.

Apesar disso, os modelos climáticos começam a sinalizar uma segunda quinzena de dezembro “um pouquinho melhor”; com “chuvas ocorrendo uma vez por semana. Ainda assim, as chuvas no Rio Grande do Sul serão irregulares, devido a presença da La Niña, que, apesar de fraca intensidade, influencia no regime de chuvas em toda a América do Sul”, explica o especialista.

Mas, é importante ressaltar que apesar de uma segunda quinzena com chuvas um pouco melhores, a influência da La Niña mantém as chuvas irregulares e de baixa intensidade.

Temperatura elevada

De acordo com Santos, essa a ausência de chuvas também faz com que as temperaturas ‘explodam’ quando o sol aparece; mesmo em áreas que receberam chuvas regulares, como o centro-oeste, sudeste e Matopiba. “Quando o sol aparece, é um sol para cada planta, e isso eleva as taxas de radiação solar e coloca em xeque o pleno desenvolvimento das lavouras, ou seja, o potencial total produtivo de cada planta”, ressalta.

Então, no Sul a ausência de chuvas regulares associada as temperaturas extremamente elevadas, já ocasiona quebras na produção milho verão, principalmente, no Rio Grande do Sul, que representa quase um quarto da produção nacional de milho verão. “E também já começa a trazer bastante preocupação no plantio da soja; uma vez que replantios terão que ser feitos e não tem umidade para isso”, alerta.

Já na região centro-norte do Brasil, as condições são melhores quando comparadas ao ano passado. Mas, com algumas nuances devido ao excesso de dias chuvosos, que causam dificuldades nos tratos culturais, dificuldades no pleno desenvolvimento das lavouras; e quando o sol aparece, temperaturas extremamente altas”, finaliza o agrometereologista.

Texto: Larissa Schäfer