Agronegócio

IPVDF realiza treinamento para o enfrentamento da esporotricose animal

Participaram cerca de 30 pessoas, entre estudantes; médicos veterinários autônomos; e profissionais que atuam em setores da vigilância ambiental.

É crescente o aumento de casos de esporotricose (doença causada por fungos do tipo Sporothrix spp, que pode ser transmitida entre animais e humanos) no Rio Grande do Sul. Na Região Metropolitana, os casos humanos aumentaram em 500% nos últimos três anos. Por isso, pesquisadores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal (IPVDF) decidiram realizar o 1º Treinamento para o Enfrentamento da Esporotricose Animal, que ocorreu na última semana em Eldorado do Sul. Participaram cerca de 30 pessoas, entre estudantes; médicos veterinários autônomos; e profissionais que atuam em setores da vigilância ambiental, saúde ou bem-estar animal das prefeituras da Região Metropolitana de Porto Alegre: além da capital, Guaíba, Eldorado do Sul, Glorinha, Gravataí e Novo Hamburgo.

Conforme o médico veterinário e pesquisador do IPVDF, Flávio Silveira, a promoção foi do Laboratório de Biologia Molecular. “Os principais hospedeiros e transmissores da doença são os felinos, especialmente os gatos de rua ou errantes. O fungo geralmente entra no organismo por meio de ferimentos na pele, causados por arranhões ou mordidas de gatos infectados. A transmissão também pode ocorrer pelo contato com solo ou material orgânico contaminado”,  explicou Silveira. “E, com o crescente aumento de casos, é possível ter outros animais que sejam acometidos pela doença”, disse preocupado.

Silveira explicou que o treinamento, que contou com uma capacitação teórica e prática, é fundamental para a padronização das coletas de amostras clínicas por parte dos veterinários para o diagnóstico da esporotricose animal. “Estão previstas novas rodadas de treinamento para o próximo ano”, adiantou.

Ele ressaltou que, para a prática de coleta de amostras clínicas foram usados modelos anatômicos animais artificiais, cedidos pela UniRitter. Conforme Silveira, o evento também integra a programação dos 75 anos do IPVDF. E contou que, desde setembro, o Instituto está realizando dois exames para o diagnóstico da esporotricose animal: citologia e cultivo fúngico, padrão ouro para o diagnóstico de fungos do complexo Sporothrix.

O que é a esporotricose

A esporotricose é uma doença causada por fungos do complexo Sporothrix, que pode afetar tanto animais quanto seres humanos. Tradicionalmente, era associada a Sporothrix schenckii, uma espécie relacionada ao ambiente, configurando uma doença ocupacional relacionada principalmente a trabalhadores que têm relação direta com a terra sem os equipamentos de proteção necessários – tanto que era conhecida como “a doença do jardineiro”.

Nas últimas três décadas, a esporotricose assumiu o posto de maior epidemia zoonótica (que é transmita dos animais para os humanos) registrada no Brasil, principalmente devido à introdução de um novo agente infeccioso. “Trata-se do  Sporothrix brasiliensis, com maior capacidade de produzir efeitos graves ou fatais e que traz mudanças na cadeia de transmissão, tendo nos gatos os principais contaminados e transmissores da doença”, esclareceu Silveira.

“Desta forma, a esporotricose é geralmente transmitida de gato para gato ou de gato para humano através de arranhões ou ferimentos, quando o fungo está presente na pele do animal. É importante observar que não é uma doença que se espalha facilmente entre humanos”, completou o pesquisador.

Silveira destaca que não há motivo para pânico. “A doença pode ser tratada com sucesso em gatos e seres humanos. O tratamento é eficaz, e muitos animais se recuperam completamente. Se você suspeita que seu gato possa estar infectado, recomendamos procurar um médico veterinário para um diagnóstico adequado e tratamento”, sugeriu.

Fonte: Seapi