As hortaliças vêm, gradativamente, ganhando espaço entre os produtos agropecuários incluídos no arcabouço do Zoneamento Agrícola de Risco Climático – ZARC. Após o grão-de-bico e a melancia, a cebola – com o processo em andamento e perspectiva de conclusão ainda em 2023 – será a próxima cultura coberta pelo programa. Já o alho e a batata estão com as coberturas previstas para 2024 e o tomate para 2025.
O anúncio dessa inclusão fez parte da apresentação do pesquisador Marcos Braga inscrita na programação da 71ª Reunião da Câmara Setorial de Hortaliças, realizada em 27 de outubro último no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Ponto focal do ZARC na Embrapa Hortaliças (Brasília – DF), o pesquisador salientou, em sua explanação, a importância de a cadeia produtiva de hortaliças contar com uma ferramenta para gestão de riscos, tendo em vista a vulnerabilidade dessas espécies de plantas aos extremos climáticos.
“Cerca de 60% da produção agrícola apresenta uma variabilidade que é diretamente influenciada por condições meteorológicas adversas como secas, geadas, granizo entre outras. Com o conhecimento proporcionado pelo ZARC, o produtor vai saber “o que”, “onde” e “quando” plantar com maiores chances de sucesso, o que permite planejar o cultivo de forma economicamente viável”, observa Braga.
Além disso, ele chama atenção para outro fator de extrema relevância para a produção agropecuária: a obrigatoriedade do cultivo preconizado no ZARC na contratação de seguros agrícolas, e algumas instituições financeiras já vem trabalhando para exigir também na concessão de financiamentos agrícolas de custeio.
“O uso do ZARC tornou-se condição obrigatória em todos os contratos do Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) a partir de 1998. Já para o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), desde a sua criação em 2006, o que vale também para o Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) e outros programas que oferecem ao produtor a possibilidade de transferir riscos decorrentes de fenômenos meteorológicos adversos”, pontua o pesquisador. Ele ressalta ainda que a obrigatoriedade somente é levada em consideração se a cultura estiver inscrita no ZARC.
PROCESSO
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) foi implementado a partir de 1996 com o objetivo de delimitar municípios e épocas de plantio com base no risco agroclimático. Tem em sua base uma rede de pesquisadores e técnicos da Embrapa e várias outras instituições estaduais e uma elaborada construção de sistemas de análise de dados agrometeorológicos e simulação matemática, que quantificam o risco de produção nas condições climáticas normais de cada região, a fim de permitir a adequada avaliação da variabilidade de cada local, época e suas consequências para as culturas agrícolas. (Fonte: Embrapa Agricultura Digital)
Na realização dos estudos de ZARC são analisados os parâmetros de clima, solo e ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Embrapa e adotada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Dessa forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção. O resultado do estudo é publicado por meio de Portarias da Secretaria de Política Agrícola, do MAPA, por cultura e Unidade da Federação, contendo a relação de municípios indicados ao plantio e seus respectivos calendários de plantio ou semeadura. (Fonte: MAPA)
ACESSO: Por meio da plataforma do MAPA, na área de gestão de risco, produtores e técnicos podem ter acesso às informações do ZARC, onde podem consultar as janelas de plantio, níveis de risco, a partir da seleção das variáveis desejadas, como município, cultura, tipo de solo e ciclo do cultivar.
PLANTIO CERTO: Desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária em parceria com o MAPA o aplicativo ZARC Plantio Certo já está disponível nas plataformas Android e IOS com vistas a tornar mais acessível e fácil a consulta dos estudos da ferramenta.
Fonte:Embrapa Hortaliças