O plantio da soja no Rio Grande do Sul segue encontrando dificuldades pela falta de chuvas. Enquanto na média dos últimos cinco anos o processo já chegava a 100%, nesta safra ele já alcançou 96% da área estimada de mais de 6,5 milhões de hectares, de acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (05) pela Emater/RS-Ascar.
O estado chegou a registrar chuvas nos últimos dias, mas as precipitações foram em volumes variáveis, mal distribuídas e não alcançaram todas as zonas de produção, segundo a Emater/RS-Ascar. “Onde houve ocorrência de chuvas, os produtores realizaram plantio e replantio, porém a umidade nos solos pode não ser suficiente para o adequado estabelecimento das lavouras, especialmente em áreas onde foi efetuado o preparo com o uso de grade. Nas lavouras com elevada quantidade de palha residual, as chances de estabelecimento são significativamente maiores, porém, em ambos os casos, novas chuvas serão necessárias para assegurar um maior índice de germinação e evitar a morte das plântulas”, relata o documento.
Lavoura implantadas mais cedo apresentam porte menor e entrelinhas descobertas onde a umidade não foi suficiente. Em termos fitossanitários, o tempo predominantemente seco é favorável ao surgimento de ácaros. Os produtores realizam o monitoramento e o controle, pois o ataque pode impactar severamente na produtividade, causando o rompimento da cutícula das folhas e a exposição dos tecidos internos, consequentemente, aumentando a transpiração e a decorrente perda de umidade das plantas.
Milho
A área estimada de cultivo para a safra 2022/23 é de 831 mil hectares. Houve dois eventos de chuvas irregulares e mal distribuídas no dia 27 de dezembro e 01 de janeiro. As precipitações favoreceram a retomada da semeadura onde a umidade nos solos foi reposta. No entanto, a evolução foi apenas de 1%, alcançando 92% implantados.
Milho silagem
A área estimada de cultivo de milho silagem é de 365 mil hectares e a produtividade esperada é de quase 38 mil kg/ha. O cenário é semelhante ao cultivo de milho para grãos. Há também perdas na produtividade, agravadas pela baixa qualidade da massa vegetal a ser conservada. As plantas que, para a ensilagem, deveriam permanecer verdes e mais tenras, mas com espigas de grãos bem formados, apresentam-se mais secas e fibrosas e com má-formação de espigas.
Assim, no período, houve uma aceleração no corte para evitar o aprofundamento na depreciação do material a ser ensilado. Foram acrescidas lavouras inviabilizadas para a produção de grãos, já que o volume das destinadas à silagem será reduzido, e esse alimento encontra-se com estoques muito baixos nas propriedades leiteiras.
Arroz
De acordo com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) a área de plantio é de 862 mil hectares. A produtividade projetada é de 8 mil kg/ha. O tempo, novamente marcado pela alta disponibilidade de radiação solar, favoreceu as lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo. Em contrapartida, a elevação das temperaturas na metade Oeste do Estado, com registros próximos a 40 °C, em 31 de dezembro e 1º de janeiro, poderá refletir em esterilidade de espiguetas nas lavouras que estão entre as fases de pré-floração, de emissão de panículas e de floração.
De maneira geral, as lavouras já estão com irrigação estabelecida; o desenvolvimento é ótimo, a sanidade é boa, e não há problemas com pragas. O potencial produtivo manteve-se nas lavouras que apresentam adequado estande de plantas e sem maiores limitações quanto à disponibilidade de água para irrigação.
Feijão 1ª safra
A área projetada de feijão 1ª safra é de 30 mil hectares. A produtividade estimada ainda permanece em 1,7 mil kg/ha, apesar da redução em parte das regiões produtoras. A ocorrência de precipitações contribuiu para a continuidade da semeadura na região Nordeste do Estado. Na Sul, foi suspensa, devido à falta de umidade. Houve prosseguimento da colheita com rendimentos variáveis, conforme a existência de danos, decorrentes da restrição hídrica.
Fonte: Emater/RS-Ascar