Muitas notícias envolvendo o programa Renewable Fuel Standard (RFS) dos Estados Unidos surgiram nos últimos dias. Em 1º de dezembro, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) anunciou a proposta de Obrigação de Volume Renovável (RVO) para os próximos três anos. Os impactos do anúncio foram sentidos tanto no mercado de RINs quanto no mercado de óleo de soja.
Os volumes propostos anunciados pela agência estabelecem metas de mistura para os próximos três anos em 20,82 bilhões de galões em 2023, 21,87 em 2024 e 22,68 em 2025. Para o ano atual, 2022, o mandato está definido em 20,63 bilhões de galões mais um suplemento de 250 milhões de galões para volumes que não foram misturados em anos anteriores, totalizando 20,88 bilhões de galões.
Os volumes propostos para combustíveis baseados em culturas (por exemplo, biocombustível celulósico) ficaram abaixo das expectativas do mercado, especialmente para o biodiesel, dado o aumento previsto na demanda e acréscimos de capacidade de produção para 2023.
O preço futuro do óleo de soja CBOT, que teve um ano forte – não só na comparação com os óleos rivais, mas também em relação ao óleo de soja em outras praças, sofreu um impacto considerável após a divulgação do RVO pela agência.
Esta força, também testemunhada no complexo da soja, com o oilshare superando as máximas de 5 anos nos últimos dias, foi em grande medida gerada por expectativas de maior demanda interna com base em mandatos agressivos de mistura de biocombustíveis a serem definidos pela EPA.
Os volumes propostos abaixo das expectativas do mercado podem levar a uma menor necessidade de insumos para biodiesel a fim de atender os mandatos – consequentemente, levando a uma menor demanda por óleo de soja. Para o etanol, por outro lado, os volumes propostos de 15,25 bilhões de galões excederiam o limite de mistura atual, 10% de mistura de etanol na gasolina ou E10.
Ainda no mesmo tema, senadores dos EUA propuseram no início desta semana um projeto de lei que permite que a gasolina E15, uma mistura com 15% de etanol, seja vendida durante todo o ano no país. Atualmente, a regulação antipoluição da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) restringe as vendas do E15 durante o verão, apenas o E10 pode ser vendido o ano todo. A medida seria altista pela demanda para o etanol e milho e baixista para os RINs. Ela também evitaria diferenças regulatórias entre estados. De qualquer forma, o projeto ainda precisa passar pela Câmara e pelo Senado para se tornar lei.
Por fim, um caminho para os fabricantes de VEs gerarem créditos (RINs) é visto como uma possível alternativa na tentativa de reduzir as emissões do país no setor de transporte. O chamado e-RIN seria gerado para cada 6,5 quilowatts-hora gerado por biocombustíveis em uma bateria EV. A EPA estima até 600 milhões de créditos gerados por esse caminho em 2024 e 1,2 bilhão até 2025. Esse cenário seria baixista para RINs, biocombustíveis e suas matérias-primas, pois aumentaria a oferta de RINs.
Embora alguns dos anúncios tenham um impacto mais imediato, estes são temas que merecem ser acompanhados nos próximos meses. A EPA realizará uma audiência pública em janeiro seguindo o anúncio, e os volumes finais de RVO devem ser apresentados até 14 de junho de 2023.