Nesta quarta-feira (04), a Polícia Civil, através da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Luiz Gonzaga, deflagou a Operação Piratas do Agro em combate ao comércio de sementes falsificadas e pirateadas nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Aproximadamente 120 policiais civis e 15 agentes fiscais agropecuários cumpriram 41 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos quatro estados, 33 mandados de busca e apreensão de veículos. Foram realizados 18 bloqueios de contas bancárias, sendo 10 pessoas físicas e 8 pessoas jurídicas.
Até o momento, 02 pessoas foram presas, uma em Luís Eduardo Magalhães/BA e outra em São Luiz Gonzaga/RS. Foram apreendidos 35 veículos e documentos.
A investigação descortinou um esquema criminoso sofisticado de falsificação e pirateamento de sementes de milho e soja. De acordo com o Delegado Heleno dos Santos, titular da Draco de São Luiz Gonzaga, a investigação teve início quando uma grande cooperativa local noticiou uma fraude que lesou diversos agricultores na região. De acordo com o relato, um corretor de sementes de São Luiz Gonzaga ofertou duas cargas com 1,5 mil sacas de milho de alto rendimento, que foram adquiridas e revendidas a diversos produtores da região. Ocorre que a safra foi totalmente perdida, pois as sementes vendidas eram falsificadas (grãos e sementes de baixíssima qualidade).
Conforme destaca o Delegado Heleno dos Santos, as investigações comprovam que um grupo de empresários golpistas do ramo agrícola de São Luiz Gonzaga/RS, Santo Cristo/RS, Luís Eduardo Magalhães/BA e Barreiras/BA se uniram para transformar grãos que iriam para a indústria de ração ou alimentos, ou sementes de baixíssima qualidade, em produtos muito similares visualmente a sementes conhecidas no meio agrícola por sua elevada produtividade.
Conforme a Polícia Civil, as sacas usadas na falsificação imitavam de forma quase perfeita as sacas originais – eram falsificadas em São Paulo e na Bahia, em gráficas que são alvo de buscas. Depois de ensacadas, as falsas sementes eram transportadas em caminhões do grupo criminoso até o RS e outros estados (MS, MT e RS), onde eram revendidas a pessoas físicas e jurídicas do ramo agrícola. O esquema contava com representantes comerciais e corretores, que procuravam as cooperativas e produtores vítimas, intermediando as vendas. As atividades comerciais ilícitas ultrapassavam as fronteiras do RS e BA, abrangendo SP, MG, MT, DF, TO, GO e outros estados.
Os criminosos causaram R$ 2 milhões de prejuízo, em apenas uma negociação ilícita, além de 13 milhões de reais em movimentações bancárias em 15 meses. Os suspeitos lucravam mais de R$ 1 mil reais por saca de milho falsificado, sendo que uma carga rendia, em média, R$ 1,8 milhão.
Participam da ação ainda, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as Secretarias/Agências de Agricultura e Pecuária dos Estados do RS, BA, SP e MG.