Escolher a cultivar adequada pode decidir o resultado final da safra de soja, de acordo com o Ensaio de Cultivares em Rede (ECR) Soja 2021/22, divulgado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e pela Fundação Pró-Sementes nesta quarta-feira (27).
O principal objetivo do estudo é auxiliar na tomada de decisão dos produtores. “Esse trabalho é fundamental e tem sido de grande valia para o estado do Rio Grande do Sul para conduzir os nossos produtores, ter a ciência a favor deles no sentido de utilizar as cultivares de acordo com a região do estado que está sendo pesquisado”, destacou o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira.
Para avaliar o desempenho agronômico de cultivares com expressividade comercial e lançamentos, assim como divulgar os dados obtidos para auxiliar no planejamento da safra de verão, que inicia o plantio de outubro a dezembro, foram conduzidos experimentos dentro das três microrregiões sojícolas no estado, dividida em 11 municípios.
De acordo com a Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl, foram avaliadas 40 cultivares definidas pela maior representatividade de hectares aprovados para produção de sementes e que também são indicadas pelo Zoneamento Agrícola (ZARC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o Estado.
Ensaio
A seca que atingiu a última safra teve impacto nos resultados da pesquisa, atingindo principalmente o município de São Luiz Gonzaga, que, além do baixo número de sacos por hectare, colheu no máximo 18 sc/ha no ciclo precoce na 1ª época de semeadura e no tardio de 36 sc/ha na segunda época de semeadura, se diferenciando dos outros municípios que obtiveram maiores números.
Os ensaios de São Gabriel e de 1º época de Cachoeira do Sul foram perdidos em razão da estiagem e não foram computados.
“Este foi um ano desafiador por conta da condição climática: severa estiagem e distribuição de chuvas desuniforme. Aliado a seca, houve o problema da mortalidade de plantas em função do ataque de fungos de solo, o que diminuiu o estande de parcelas em diversas regiões”, disse Kehl.
A maior produtividade verificada no estudo foi da cultivar NEO 610 IPRO com 120 scs/ha no ciclo precoce na segunda época em Bagé. Na 1ª época de semeadura o destaque ficou com a DM 5958 RSF IPRO, com 87 scs/ha em Pelotas, na várzea.
Diante disso, percebe-se que a escolha da cultivar também define o lucro ou o prejuízo. Kehl mostrou que em Passo Fundo, a diferença de produtividade entre as cultivares de maior e menor rendimento foi de 38 scs/ha. Utilizando uma média de preço de R$ 177,00 por saco de soja, a diferença entre ganho e perda pode ser de R$ 6.726,00.
Contudo, ainda segundo a gerente de pesquisa, a expectativa para o próximo ano é de clima neutro para a cultura, ou seja, com “algumas estiagens durante o ano, mas nada comparado à safra passada”, frisa.
Sementes
O superintendente do SENAR-RS, Eduardo Condorelli, enfatizou que se houver algum problema na próxima safra gaúcha, não será por causa das sementes. Contudo, é necessário se antecipar na compra para não ficar sem a cultivar desejada. “É necessário buscar a compra de sementes o quanto antes, pois a semente é o insumo principal para o início da safra e, por enquanto, os preços estão estáveis”, alertou vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad.