O número de mulheres dirigindo propriedades rurais no Brasil alcançou quase 1 milhão. A partir do Censo Agropecuário de 2017, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões. Os dados foram obtidos a partir de um trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e o IBGE. De acordo com a pesquisa, juntas, elas administram cerca de 30 milhões de hectares de propriedades rurais no país.
Estes foram alguns dados apresentados pela engenheira agrônoma, consultora e fundadora do Portal Agromulher, Vanessa Sabioni, durante o 7º Encontro das Empresárias Rurais Cotrijal. Ainda segundo o Censo, a participação de mulheres na administração de propriedades rurais no Brasil passou de 10%, em 2013, para 30% em 2017.
“As mulheres do agro, gestoras, produtoras, esposas, mães, sucessoras, profissionais, empreendedoras e estudantes, estão participando ativamente do setor, fazendo negócios, ocupando cargos de gestão e inovando para o crescimento do nosso país. A maioria escolheu o agro porque gosta da vida no campo e é responsável pela gestão de, pelo menos, 8% do PIB do Brasil”, destacou Vanessa.
A consultora afirmou que o agronegócio tem muito a ganhar com a atuação das mulheres, uma vez que elas têm diferenciais no estilo de gestão que podem contribuir, de forma diferenciada, no aumento de produtividade no campo. Na área profissional, são mais flexíveis e participativas, têm um jeito diferente de sentir as pessoas e tudo que está ao redor e podem agregar, com muita propriedade, na expansão do agronegócio.
“Sensibilidade, empatia, capacidade multitarefa, foco na alta performance e na operação detalhista, grande capacidade de adaptação e capacidade conciliadora são características importantes da liderança feminina. E fortalecer as mulheres no campo é, com certeza, um caminho necessário para contribuir com a sustentabilidade do agro no Brasil e no mundo”, disse a consultora.
Líder natural
A tenente coronel Nádia Rodrigues Silveira Gerhard destacou a importância da mulher no agro e afirmou que a necessidade de ajudar na produção e na gestão da propriedade parte do princípio de cuidar de si mesma, inicialmente, e querer sair da zona de conforto. “A mulher tem que ter sua independência e ser protagonista de sua vida. Se não for protagonista, acaba não tendo sucesso fora de casa. É preciso ainda ter foco, estudar, qualificar e investir em si mesma”.
A palestrante, que foi a primeira mulher comandante de um Batalhão de Polícia Militar no RS, ressaltou ainda que, naturalmente, mulheres são líderes nos mais variados setores, começando dentro de sua família. “Somos líderes natas e nossa liderança deve começar dentro de casa, onde todos devem trabalhar e compartilhar responsabilidades como em uma empresa para que dê tudo certo”.
Para ela, a mulher vai fazer a diferença na sociedade ou no campo a partir do momento em que acreditar em seu potencial, dividir tarefas e entender que as mulheres foram feitas iguais aos homens. “Só se não quisermos, não vamos chegar onde queremos. Basta acreditar”, concluiu.
O evento é promovido pela área de Desenvolvimento Cooperativista da Cotrijal.