Agronegócio

Desafios climáticos impactam projeções para safra de soja no Brasil, refletindo tendência global com implicações econômicas

Em meio ao status de maior produtor e exportador mundial de soja, o Brasil enfrenta desafios significativos na safra 2023/24, com projeções iniciais sendo revisadas para baixo por consultorias renomadas.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que inicialmente estimou uma produção de 160,2 milhões de toneladas, agora se alinha às consultorias Safras & Mercado e AgRural, que reduziram suas projeções para 158,23 milhões e 154,5 milhões de toneladas, respectivamente.
 

“A redução nas projeções é resultado de uma série de fatores interligados, incluindo a irregularidade das chuvas em diversas regiões produtoras, o aumento dos custos de produção e a diminuição da área plantada” afirma a economista e professora da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich.
 

De acordo com a Safras & Mercado, as chuvas abaixo da média na região Sul do Brasil, responsável por cerca de 25% da produção nacional de soja, afetaram negativamente o desenvolvimento das lavouras. Além disso, o aumento dos custos de produção, especialmente de fertilizantes, está levando os produtores a reconsiderarem a extensão das áreas cultivadas.
 

A AgRural também destaca a irregularidade das chuvas como um fator principal para a redução da projeção da safra de soja. Mesmo com melhorias nas condições climáticas recentes, o atraso no plantio em algumas regiões pode impactar o rendimento das lavouras.
 

“A redução na safra de soja no Brasil não ocorre em um vácuo. A oferta global do grão já enfrenta pressões significativas devido à guerra na Ucrânia, um dos principais produtores mundiais de grãos. O conflito no país europeu interrompeu as exportações de trigo, milho e outros cereais, resultando em aumentos nos preços desses produtos em todo o mundo”, acrescenta Nadja.
 

A Conab estima que o Brasil exportará cerca de 80 milhões de toneladas de soja na safra 2023/24. No entanto, com a redução da produção, existe a possibilidade de exportações menores do que o previsto, intensificando a pressão sobre os preços da soja no mercado internacional.
 

“Os efeitos adversos na produção de soja têm implicações significativas para a economia brasileira. Como principal commodity agrícola do país, a soja desempenha um papel crucial nas exportações, contribuindo para a balança comercial e a geração de receitas. A redução nas exportações de soja, combinada com os desafios econômicos globais, pode impactar negativamente os resultados financeiros do Brasil, adicionando pressões aos mercados cambiais e de commodities”, pontua a professora universitária.
 

Nadja acrescenta ainda que a conjunção de desafios climáticos e pressões globais destaca a importância de monitorar de perto o desenvolvimento da safra de soja no Brasil, não apenas como um desafio para o setor agrícola, mas também como um elemento que reverbera na economia nacional.
 

“A adaptabilidade dos produtores e estratégias governamentais tornam-se cruciais para enfrentar não apenas os desafios agrícolas, mas também os impactos econômicos decorrentes dessas adversidades”, finaliza a professora da FECAP.
 

A especialista: Nadja Heiderich é Doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo. Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (2012). Graduada em Ciências Econômicas pela FECAP (2008). É professora no Centro Universitário FECAP. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística, agronegócio.