Desde a divulgação do resultado da eleição para a Presidência da República, no último domingo (30), apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), estão realizando manifestações contrárias ao resultado do pleito e interrompendo rodovias pelo país. Ao todo, 290 rodovias federais chegaram a registrar manifestações por grupos que contestam a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sendo que mais de 270 foram bloqueadas total ou parcialmente. O número foi atualizado hoje (01) pela Polícia Rodoviária Federal, que possui ordem para “imediata desobstrução de rodovias e vias públicas que estejam ilicitamente com o trânsito interrompido”, emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Unidades da PRF já estão realizando o desbloqueio de rodovias. Na última atualização, o órgão informou que 288 manifestações já foram desfeitas. Bolsonaro ainda não se manifestou para reconhecer o resultado das eleições, nem emitiu declarações sobre os protestos.
Entidades
Desde ontem (31), entidades de classe estão se manifestando quanto aos protestos. A Frente Parlamentar da Agropecuária afirmou que “respeita o direito constitucional à manifestação, porém ressalta que o caminho das paralisações de nossas rodovias impacta diretamente os consumidores brasileiros, no possível desabastecimento e em toda a cadeia produtiva rural do País”. A bancada pede liberação das rodovias para cargas vivas, ração, ambulâncias e outros produtos de primeira necessidade e/ou perecíveis.
Já a A CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística) repudiou veementemente o “movimento antidemocrático organizado por grupos rivais bolsonaristas”. A entidade afirma que os manifestantes não representam os caminhoneiros, alegando ainda que os trabalhadores são vítimas dos bloqueios. “A CNTTL e as suas entidades filiadas dos modais de transporte repudiam essa atitude e requerem que as autoridades competentes intervenham imediatamente”, afirma a nota. O texto ainda aponta para “vista grossa” das autoridades competentes.
“A nossa Confederação e as entidades filiadas exigem dos órgãos competentes que sejam tomadas medidas cabíveis para que a ordem pública e a liberação das rodovias sejam retomadas imediatamente para que os caminhoneiros possam trabalhar com segurança, garantindo assim o seu direito de ir e vir, bem como, a sua sobrevivência econômica”, destaca a nota.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), entidade que congrega as empresas de transporte rodoviário de cargas, divulgou nota hoje (01) declarando que não apoia o “movimento de caminhoneiros autônomos de paralisação e bloqueio de rodovias”. O texto classifica o movimento como grevista e de natureza política, pedindo ainda a ação de autoridades para assegurar a livre circulação. “Espera-se que prevaleça o bom senso e o interesse maior de todo o povo brasileiro e de todos os agentes econômicos e produtivos, a imediata normalidade das atividades econômicas, a livre circulação de pessoas e bens fundamentais ao desenvolvimento do País”, finaliza o texto.