A colheita do trigo avançou significativamente na última semana e alcançou 64% das lavouras do Rio Grande do Sul, conforme o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (07) pela Emater/RS-Ascar. As estimativas para a safra também foram atualizadas e se mantiveram próximas ao que foi projetado no início do ciclo. Apesar disso, a qualidade do trigo está decepcionando produtores e afetando a comercialização do cereal.
A qualidade foi afetada principalmente pelo excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, que também levou a maior incidência de doenças, como a giberela e brusone, e a redução do potencial produtivo em algumas áreas. “Devido à oscilação no padrão dos grãos colhidos, parte dos produtores enfrentam dificuldades operacionais para a comercialização, uma vez que as cerealistas precisam segregar lotes de diferentes qualidades, além de haver, nos moinhos, rígidos parâmetros de peso hectolitro (PH), número de queda (falling number) e presença de micotoxinas (Deoxinivalenol)”, relata o documento.
Com isso, parte dos produtores não estão conseguindo cumprir as obrigações financeiras com as instituições bancárias e estão encaminhando solicitações de perícia para avaliação da produção.
Em relação a produtividade, há grande variação entre as diferentes regiões do Estado e até mesmo em dentro de uma mesma região. Entre os fatores para essa diferença estão as condições climáticas, cultivares, rotação de culturas, época de semeadura e tecnologia aplicada. Apresentam melhor potencial os cultivos no Alto Botucaraí, no Planalto e Campos de Cima da Serra.
Na regional de Santa Rosa, onde a colheita foi praticamente concluída, chegando a 95% da área, a produtividade média das lavouras na região registrou redução de cerca de 12% em relação à estimativa inicial de 3.295 kg/ha. Além disso, o PH da produção variou consideravelmente, mas a maioria apresenta densidade de 76 kg/hl. Esses resultados não cobrem os custos dos financiamentos contratados e produtores estão solicitando cobertura do seguro agrícola ou do Proagro. “Devido à sequência de seis safras frustradas e dos consequentes pedidos de cobertura do Proagro, há produtores que não conseguirão contratar o seguro para a próxima safra de verão”, afirma o Informativo.
Ainda assim, algumas lavouras da região apresentaram melhor desempenho, como em Independência, cuja produtividade variou entre 3,3 mil e 3,9 mil kg/ha e o PH foi superior a 78.
Com informações da Emater/RS-Ascar