A colheita do arroz avançou significativamente na última semana no Rio Grande do Sul, avançando 13 pontos percentuais e chegando a 58,86%. Nos 563.414 hectares colhidos, a produtividade média no RS está em 8.545 quilos por hectare, conforme a atualização de sexta-feira (01) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Apesar do número ter sofrido certo aumento, a expectativa é de que a produtividade caia ao longo da colheita.
“Essa produtividade deve ter uma tendência de queda daqui até o final [da safra] e isso certamente já demonstra que nós teremos uma safra bem menor neste ano com relação ao ano passado”, avalia o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. É válido considerar que no ano passado a safra no estado superou as expectativas, com o recorde de mais de 9 mil kg/ha.
Ainda assim, diversos fatores estão impactando a safra e “tirando o sono” dos arrozeiros. “Nós tivemos, por exemplo, no começo da safra – no mês de outubro -, um mês muito seco que trouxe algumas dificuldades em relação ao controle de plantas invasoras e, consequentemente, nós temos lavouras de arroz neste ano um pouco mais ‘sujas’, o que diminui ou influencia na produtividade”, aponta Alexandre, que também é produtor rural na região da Planície Costeira Externa.
A esterilidade causada pelo calor excessivo é o segundo fator, seguido pela falta de água que impactou algumas regiões, especialmente a Fronteira Oeste e região Central. “Alguns produtores destas regiões tiveram que abandonar algumas áreas, ou parte da área, para dar preferência para o resto da lavoura”, explica o presidente. Essas áreas consolidadas como perdidas, e também as afetadas pelo granizo, não são contabilizadas pelo Irga.
“É um ano realmente muito complicado para o arrozeiro, realmente um ano de tirar o sono e nós temos produtividades ruins, médias e também boas em algumas áreas”
Alexandre Velho, presidente da Federarroz
Colheita
Entre as regiões, a Fronteira Oeste é a região com a colheita mais adiantada, com 71,59% das áreas colhidas. Na sequência, a Planície Costeira Externa tem 66,33% da área colhida, a Campanha, 58,87%, a Zona Sul, 49,92%, a Central, 49,10% e a Planície Costeira Interna apenas 46,40%.
Até a última terça-feira (29), as condições climáticas vinham favorecendo a colheita do arroz do estado. No entanto, os dias úmidos já vinham interferindo e diminuindo o rendimento. “Os produtores não conseguem ter uma efetividade ou um período de colheita maior durante o dia”, aponta Alexandre.
A expectativa da Federarroz era de que mais de 80% da área fosse colhida até 15 de abril e que a operação estivesse quase concluída até o final do mês. Entretanto, as chuvas nesta semana vem trazendo lentidão ao processo. Em caso de condições adequadas, a colheita ser acelerada, já que os produtores que também cultivam soja precisam liberar as máquinas para a próxima cultura.
Avaliação
Essa racionalização de recursos e a gestão financeira das propriedades são ressaltadas no cenário atual de crise de fertilizantes. Fatores como produtividade, a produção gaúcha, o mercado internacional, câmbio e exportação devem entrar na conta dos arrozeiros . “O produtor tem que ter necessariamente, ainda mais hoje em dia, muita gestão no seu negócio. Então atualizar os orçamentos da lavoura para este próximo ano e ver se este orçamento cabe com relação a essa cultura. Porque nós temos uma média de preço e alguns indicativos em relação ao mercado que podem dar pelo menos uma ideia de como vai se comportar o mercado nos próximos meses”, aconselha Alexandre.
Patrocínio: BASF