Opinião

As 10 Agtechs que mais causaram impacto no agronegócio brasileiro nos últimos 5 anos

Baseando-me em fatores como tecnologias disruptivas, penetração de mercado, empreendedorismo e capacidade de gestão dos fundadores

Agricultores em um campo de trigo dourado com um tablet nas mãos.
Precisamos ter um plano estratégico como país, fortalecendo o setor onde somos mais competitivos | Foto: Banco de imagens

Desde 2021, tenho me arriscado a prever quais serão as agtechs brasileiras que mais impactarão o agronegócio, baseando-me em fatores como tecnologias disruptivas, penetração de mercado, empreendedorismo e capacidade de gestão dos fundadores. Fazer esse exercício não é fácil e demanda um pouco de intuição, análise de tendências e conversas com os próprios fundadores. Meu objetivo sempre foi compartilhar essas tecnologias com vocês, mostrando o potencial dos nossos empreendedores e desse maravilhoso mundo do agronegócio brasileiro.

Não canso de repetir em meus textos e palestras que o que estamos vivendo no agronegócio brasileiro é muito similar ao que os Estados Unidos viveram com o surgimento do Vale do Silício ou ao que a China está experimentando agora com a revolução da inteligência artificial. Precisamos ter um plano estratégico como país, fortalecendo o setor onde somos mais competitivos. Isso exige um plano de governo robusto, lideranças fortes e investimentos em tecnologias disruptivas.

Este ano, decidi fazer um exercício diferente. Em vez de prever o futuro, resolvi avaliar os resultados das minhas previsões dos últimos anos. Para isso, recorri a duas ferramentas de inteligência artificial: o famoso ChatGPT (https://chatgpt.com) e o DeepSeek (https://www.deepseek.com), que tem ganhado destaque recentemente. A pergunta que fiz a ambos foi a mesma:

“Baseado nos avanços tecnológicos e nas inovações do agronegócio brasileiro nos últimos 5 anos, quais foram as 10 agtechs que mais causaram impacto e disrupção nesse setor?”

Abaixo, compartilho as respostas que obtive, seguidas de uma análise comparativa e reflexões sobre o futuro do setor.

Chat GPTDeep Seek
Sempre AgTech: Reconhecida como uma das cinco empresas mais inovadoras do agronegócio brasileiro, a Sempre AgTech é referência em melhoramento genético e desenvolvimento de biotecnologias. Em 2023, investiu mais de R$ 40 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento, com projeção de ultrapassar R$ 50 milhões em 2024Biosmart: Desenvolve soluções para controle biológico de pragas, promovendo a agricultura sustentável., substituindo defensivos químicos por alternativas biológicas, reduzindo impactos ambientais.
NanoScoping: Fundada em 2014, em Florianópolis, a NanoScoping aplica nanotecnologia na agricultura, desenvolvendo produtos que utilizam nanoencapsulação de compostos naturais para melhorar a eficácia na aplicação em plantas e animais, promovendo maior proteção e sustentabilidade.TerraMagna:  Usa análise de dados e crédito para conectar produtores rurais a financiadores, facilitando o acesso a capital, trazendo grande inovação no setor financeiro agrícola, reduzindo riscos e aumentando a confiança entre as partes.  
Agrosmart: Oferece monitoramento digital em tempo real das lavouras, utilizando inteligência artificial para recomendar momentos ideais de irrigação, resultando em economia de recursos hídricos e aumento da eficiência produtiva.Agrosmart: Utiliza IoT, sensores e análise de dados para monitorar condições climáticas, solo e plantações em tempo real, ajudando os produtores a tomar decisões mais precisas, promovendo a agricultura sustentável ao reduzir o uso de água e insumos.
Solinftec: Desenvolveu a plataforma Alice, uma interface de inteligência artificial que monitora operações agrícolas, auxiliando na otimização de processos como aplicação de pesticidas e fertilizantes, além de monitorar máquinas agrícolas em vastas áreas cultivadas.Solinftec: Oferece soluções de automação e monitoramento para operações agrícolas, como colheita e transporte, utilizando plataformas digitais e algoritmos, ajudando a otimizar a logística e reduzir custos operacionais.
Krilltech: Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa, desenvolveu o Arbolin Biogenesis, um insumo biológico baseado em nanotecnologia que estimula a produtividade das plantas, mesmo em condições adversas.Cropwise (Sistema da Syngenta): Plataforma digital que integra dados de plantio, clima e solo para auxiliar na gestão de lavouras, facilitando a tomada de decisão com base em dados precisos e históricos.
Agrotools: Oferece soluções para análise de riscos territoriais, gestão da cadeia de suprimentos e seguros rurais, auxiliando na prospecção e qualificação de clientes, além de monitoramento e concessão de crédito.Certeza Rural: Oferece soluções de rastreabilidade e certificação digital para cadeias produtivas, como grãos e carnes, aumentando a transparência e a confiança no mercado agrícola.
Taranis: Utiliza inteligência artificial e imagens de alta resolução para monitoramento agrícola de alta precisão, identificando pragas, doenças e deficiências nutricionais nas lavouras, permitindo intervenções rápidas e precisas.Dronagro: Utiliza drones para monitoramento de lavouras, mapeamento de áreas e aplicação precisa de insumos, reduzindo custos e melhorando a eficiência na aplicação de defensivos e fertilizantes.
Strider: Focada em gestão agrícola, oferece plataformas que monitoram operações no campo, controle de pragas e gestão de máquinas, auxiliando produtores na tomada de decisões e aumento da eficiência operacional.Strider: Focada no controle de pragas e doenças, utiliza inteligência artificial e big data para monitorar e prever ameaças às lavouras, reduzindo  perdas e melhorando a eficiência no uso de defensivos agrícolas.
Aegro: Desenvolveu um software de gestão agrícola que integra informações financeiras e operacionais das fazendas, facilitando o planejamento, monitoramento e análise de resultados para os produtores rurais.Aegro: Software de gestão agrícola que auxilia produtores no planejamento, controle de custos e monitoramento de safras, integrando todas as etapas da produção em uma única plataforma.
Grão Direto: Atua como um marketplace digital, conectando produtores rurais e compradores de grãos, facilitando negociações e aumentando a transparência e eficiência no comércio de commodities agrícolas.Agrofy: Plataforma digital que conecta produtores rurais a fornecedores de insumos, máquinas e serviços, simplificando a comercialização e o acesso a produtos agrícolas e promovendo a digitalização do mercado.

O que essas agtechs têm em comum?

Todas as 16 agtechs listadas, visto que algumas se repetiram nos dois sites,  compartilham um objetivo central: ajudar os agricultores a resolver seus principais desafios de forma simples e eficiente. Entre os problemas que elas buscam solucionar estão:

  • Aumento de produtividade;
  • Redução de impactos ambientais;
  • Melhoria da eficiência operacional;
  • Redução e mitigação de riscos;
  • Redução de custos;
  • Assertividade no planejamento e na tomada de decisões;
  • Facilitação do acesso ao crédito;
  • Transparência e confiança na comercialização;
  • Monitoramento de safras;
  • Digitalização dos processos.

Parece fácil, mas não é. Hoje, contamos com mais de 1.800 agtechs no Brasil, todas buscando se posicionar ao lado do agricultor. No entanto, elas enfrentam os mesmos desafios que qualquer empreendedor no país: o famoso “custo Brasil”, legislação lenta e burocrática, falta de acesso a capital e escassez de mão de obra qualificada.


Surpresas e acertos

Fico feliz em ver que a maioria das agtechs que previ em anos anteriores estão nesta lista. No entanto, algumas surpresas surgiram:

  1. Dronagro: Eu havia mencionado a Sars Drones, que atua no mesmo segmento. Acredito que o uso de drones na agricultura crescerá muito nos próximos anos.
  2. Certeza Rural: Em vez dela, eu havia prospectado a Safe Trace, que também atua com rastreabilidade.
  3. Biosmart: Confesso que não a conhecia, mas havia mencionado outras empresas do mesmo segmento, como Openeen, Superbac e Solubio.
  4. Strider e Cropwise: Ambas fazem parte da Syngenta Digital, o que mostra o bom faro das grandes empresas em adquirir agtechs promissoras. Eu havia mencionado a Tarken, do mesmo fundador da Strider.

Fico muito feliz que outras agtechs que citei em artigos anteriores como SeedzTraiveAgrorobóticaGoflux e Aliare dentre outras, continuam em ascensão e ocupam um lugar de destaque no agronegócio brasileiro, e tambem tive meus erros com algumas empresas que se não estão mais ativas precisam rever a sua proposiçao de valor.


Reflexões e o futuro

Como especialista em inovação e tecnologia, acredito que o futuro do agronegócio brasileiro será moldado por algumas tendências-chave:

  1. Sustentabilidade: A demanda por soluções de baixo impacto ambiental impulsionará o crescimento de agtechs focadas em biotecnologia e práticas ecológicas.
  2. Digitalização: A adoção de IoT, IA e big data continuará a crescer, beneficiando empresas que oferecem soluções digitais integradas.
  3. Expansão global: Agtechs com potencial de internacionalização terão vantagem competitiva.
  4. Políticas públicas: Incentivos governamentais para agricultura sustentável e digital podem acelerar o crescimento do setor.

Mar bom nunca fez bons marinheiros

Os próximos anos serão desafiadores, mas também repletos de oportunidades. Como empreendedor e entusiasta da inovação, meu papel é ajudar as empresas a se posicionarem estrategicamente, contribuindo para um agronegócio mais eficiente, sustentável e competitivo.

O Brasil tem tudo para ser o celeiro do mundo, e as agtechs serão peças fundamentais nessa jornada. Vamos navegar juntos!