Agronegócio

Setor agrícola está em alerta com detecção de Caruru palmeri em MS

Autoridades do setor agrícola, produtores rurais e técnicos de Mato Grosso do Sul estão em alerta desde o fim da última semana, quando a praga quarentenária presente Amaranthus palmeri (caruru palmeri ou caruru gigante) foi encontrada no município de Naviraí, na região Sul do estado. A confirmação foi feita por meio de sequenciamento genético, realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia/GO (LFDA-GO) e indicou 99,85% de similaridade. A planta representa uma grande ameaça à produtividade de culturas como soja, milho e algodão.

Com origem no centro-sul dos Estados Unidos e norte do México, a planta foi detectada pela primeira vez no Brasil no ano de 2015, em lavouras de algodão no Norte do estado vizinho, Mato Grosso. A Amaranthus palmeri é uma planta exótica, agressiva e de crescimento rápido, que lidera a lista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de pragas com maior risco fitossanitário para o país, podendo reduzir a produtividade de soja, milho e algodão em até 90%, tendo a possibilidade de fazer cruzamento com outras espécies do gênero, transferindo genes de resistência aos herbicidas.

De acordo com a Embrapa, o caruru palmeri possui alta adaptação e capacidade de dispersão de genes de resistência a herbicidas, principalmente em situação de pressão de seleção. A planta produz em média, 80 mil a 250 mil sementes, podendo chegar a 1 milhão de sementes em condições edafoclimáticas favoráveis. O principal meio de disseminação das estruturas é a por quedas naturais, canais de irrigação, maquinários, compostos orgânicos e pela ação de pássaros e mamíferos. Em função do tamanho, a emergência da semente é maximizada quando permanecem na camada superficial do solo.

Além do caruru palmeri, outras espécies do gênero Amaranthus já foram detectadas no Brasil. Morfologicamente, as espécies apresentam algumas semelhanças, fator que pode dificultar a identificação precisa. O Amaranthus palmeri apresenta folhas com formato que variam de ovada a rômbico-ovadas; ausência de pilosidade em qualquer estrutura; folhas com distribuição simétrica em torno do caule no início do desenvolvimento; folhas com presença de marca esbranquiçadas no formato de “V” invertido; presença de um pelo na extremidade foliar; inflorescência que chega a mais de 60 cm; raízes profundas e caules grossos, conforme destacado pela Nota Técnica da Aprosoja/MS.

A orientação dos órgãos ligados ao setor é de que os produtores rurais adotem as seguintes medidas fitossanitárias: monitoramento quinzenal das áreas, restrição do trânsito de maquinários e implementos externos à propriedade rural, desinfestação do maquinário utilizado em área infestada e, em caso de plantas resistentes à herbicidas, o produtor deve ensacar os exemplares antes do arranquio e fazer a incineração do material vegetal, evitando assim, a dispersão de sementes.

A eficiência do tratamento químico pré ou pós emergente, está relacionada à sensibilidade da espécie ao ingrediente ativo, dose utilizada, estádio da planta no momento da aplicação, quantidade de calda retida pelas folhas e densidade de plantas por área. O Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), divulgou em 2017, em uma Circular Técnica, os ingredientes ativos indicados para o controle da praga em lavouras de soja:

Ingredientes ativos para a cultura da soja | Fonte: IMAmt

Além disso, é fundamental que haja a comunicação da ocorrência de caruru palmeri junto às autoridades fitossanitárias locais: a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do Estado de Mato Grosso do Sul (IAGRO) e Superintendência Federal de Agricultura do MS, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFA-MS/MAPA).

Com informações de Aprosoja/MS, Sistema Famasul, IAGRO, SFA-MS/MAPA, Embrapa e IMAmt.