Após meses de estiagem, o verão começa hoje (21) com esperança de chuvas acima da média em janeiro no Rio Grande do Sul. Caso a previsão se confirme, as chuvas são positivas para as áreas de soja e para os reservatórios de arroz. Para o milho, as perdas já são irreversíveis. Em fevereiro e março, no entanto, as chuvas abaixo da média devem retornar, conforme análise de especialistas do prognóstico do Instituto Nacional de Meteorologia.
“A maioria das culturas do RS estão enfrentando problemas neste período de primavera/verão”, lembra a meteorologista e consultora do Irga, Jossana Cera, em transmissão ao vivo da Revista Destaque Rural. A expectativa é de que o verão seja semelhante ao do ano passado. Apesar da presença do fenômeno La Ninã, é esperado que o maior impacto e déficit hídrico já tenha ocorrido na primavera.
No entanto, apesar da esperança, o La Niña já causa problemas para a soja pela falta de umidade do solo. “São culturas, que pela estação em si, demandam uma grande evapotranspiração. E nós não vamos ter umidade suficiente para isso”, ressalta o analista do Laboratório de Meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato.
A estação da Embrapa Trigo, em Passo Fundo, registrou apenas 34% das chuvas esperadas para novembro. Além disso, dezembro segue pelo mesmo caminho, acumulando até hoje 13% da média do mês.
Soja
A estiagem já causa perda da produtividade na cultura da soja, devido aos prejuízos na formação e peso dos grãos, entre outros fatores. “Como novembro foi seco, muita gente está plantando no final de dezembro”, relata o analista. Caso as chuvas ocorram em volume suficiente no primeiro mês do ano, o resultado da safra ainda pode ser positivo.
Arroz
Até o momento, o arroz vem se beneficiando da radiação solar causada pelo fenômeno La Niña. “No caso do arroz, não faltando água para irrigação e manutenção da lâmina d’água, o mais importante é a radiação solar. Quanto mais radiação melhor. O arroz gosta de sol na cabeça e água no pé. Então, se não faltar água, provavelmente nós teremos produtividade e produção bastante boas nas lavouras de arroz. Mas, como a estiagem está bastante grave, talvez tenhamos alguns problemas”, avalia Jossana.
Previsão
Desde ontem (20), o estado tem passado por dias de calor e chuvas isoladas. “O problema é que são chuvas muito isoladas, porque a condição realmente não está favorável para precipitações”, destaca a consultora. Amanhã (22), as chuvas são esperadas em algumas regiões, especialmente no norte do estado. Até o final do ano, as precipitações devem seguir irregulares e sem grandes volumes. Além disso, as temperaturas estão previstas para se manter bastante elevadas até o dia 1º de janeiro, outro agravante para a estiagem.
No norte do estado, a probabilidade de chuvas intensas é pequena. “Está mudando muito, cada dia que a gente olha está reduzindo [a probabilidade]. É uma característica do La Niña, os modelos superestimam a quantidade de chuva”, explica Aldemir.
Em Passo Fundo, as temperaturas podem passar de 34ºC nos próximos dias. “As temperaturas vão estar muito elevadas e vamos ter pouca nebulosidade, é outro fator que vai agravar ainda mais [a estiagem]. Vamos ter muita amplitude [térmica] também”, destaca o analista.