Semeadura do Trigo

Semeadura do trigo chega a 50% no Rio Grande do Sul

A previsão de área cultivada no Estado, conforme a Emater/RS-Ascar, é de 1.198.276 hectares

Foto de uma lavoura de trigo.
Chuva atrapalhou trabalho, mas plantio avançou a 50% da área projetada com trigo | Foto: CNA Brasil/Divulgação

As chuvas nas últimas semanas atrasaram a semeadura. Contudo, no período, os produtores aceleraram a operação para aproveitar o tempo firme entre os dias 23 e 27 de junho, e chegaram a 50% da área projetada, de acordo com levantamento da Emater/RS-Ascar. A previsão de área cultivada no Estado é de 1.198.276 hectares. A estimativa inicial de produtividade é de 2.997 quilos por hectare.

Nas lavouras implantadas, a emergência das plantas ocorre de forma relativamente uniforme, com bom estande inicial e sem prejuízos significativos observados. A necessidade de replantio tem sido pontual, restrita a áreas de borda com maior declividade, especialmente onde houve dessecação pré-semeadura, erosão laminar e sulcos por enxurradas. Nas lavouras onde se adotou a semeadura de culturas outonais logo após a colheita da soja, os danos erosivos foram minimizados. No entanto, o pleno estabelecimento dos cultivos segue condicionado ao regime de chuvas nas próximas semanas.

No Oeste do Estado, em áreas mais arenosas e de práticas conservacionistas insuficientes, como terraços ou semeadura em nível, houve maiores perdas de solo, de sementes e de nutrientes. Nesses locais, foram realizadas intervenções paliativas para viabilizar o replantio. Porém, mesmo nas áreas não afetadas diretamente por processos erosivos, o potencial produtivo poderá se reduzir em razão da lixiviação de nutrientes e do estresse por encharcamento do solo.

Esse cenário tem comprometido o perfilhamento das plantas e inviabilizado a aplicação de adubação nitrogenada em cobertura no momento fisiologicamente mais apropriado. O tempo seco, aliado às temperaturas mais baixas, tende a favorecer a intensificação da semeadura dentro do período estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). Também será possível retomar os tratos culturais, como controle de plantas daninhas e aplicação de adubação nitrogenada em cobertura e preventiva de fungicidas.

Na região administrativa da Emater de Erechim, a semeadura abrange cerca de 80% da área estimada. Se o tempo firme persistir, os trabalhos deverão avançar rapidamente, aproximando-se da finalização. Na de Frederico Westphalen, o excesso de umidade no solo impediu o avanço significativo da semeadura, e restam 54% a serem implantados. As fortes precipitações podem comprometer o estande das lavouras recém-semeadas, especialmente em áreas afetadas por processos erosivos. Nos cultivos já estabelecidos, o desenvolvimento vegetativo foi limitado pela baixa luminosidade.

Na de Ijuí, a semeadura avançou pontualmente durante breves intervalos entre as chuvas, apesar da elevada umidade do solo. Na Região Celeiro, as lavouras implantadas no cedo se encontram em perfilhamento, e foram realizadas práticas de manejo, incluindo a adubação nitrogenada em cobertura.

Na região administrativa da Emater de Bagé, na Fronteira Oeste, em Itacurubi, o plantio do trigo foi concluído antes das intensas chuvas. Contudo, dos 6.550 hectares semeados estima-se que cerca de 1 mil hectares necessitarão de replantio, condicionado à melhoria das condições de acesso às lavouras. Em Itaqui, 40% do projetado foi efetivamente plantado; desses, em torno de um terço deverão ser replantados devido à falhas severas de estande, provocadas pelas precipitações.

Em São Borja, o plantio segue atrasado, e provavelmente não será possível concluir a operação dentro do período do Zarc (até 20/07). A área, inicialmente estimada em 30.000 hectares, pode ser reduzida em função dos atrasos e dos danos causados pelas chuvas. Até o momento, 40% foram semeados. Em Manoel Viana, o período foi dedicado à recuperação de áreas afetadas por erosão e ao replantio em talhões com estande comprometido. A intenção de cultivo permanece em 11 mil hectares, restando cerca de 40% a serem implantados.

Na região da Campanha Gaúcha, neste mês de julho — período localmente preferencial para a semeadura de trigo — intensificaram-se os trabalhos de preparo do solo e dessecação, visando ao estabelecimento das lavouras. A diminuição da umidade no solo permitiu o início da semeadura, apesar da impossibilidade de acesso a áreas com drenagem deficiente.

Em Aceguá, foram implantados 40%. Em Hulha Negra, o avanço foi menor, atingindo apenas 15%. Na de Caxias do Sul, a semeadura permaneceu suspensa. No mês de junho, ocorreram chuvas em 16 dias, totalizando aproximadamente 500 mimlímetros. Essa condição inviabilizou a operação, provocando atraso no cronograma de plantio. Embora o adiamento ainda não comprometa o potencial produtivo da cultura,

Na de Pelotas, aproximadamente 30% da área estimada para a safra foi semeada. As lavouras encontram-se em pleno desenvolvimento vegetativo. Na de Santa Rosa, o plantio foi prejudicado pela sequência de chuvas, alcançando 64%, índice considerado em atraso em relação a safras anteriores. As lavouras estão em desenvolvimento vegetativo. Contudo, houve redução no vigor e no crescimento foliar devido à baixa luminosidade, causada pelo tempo chuvoso e nublado, que afetou a capacidade fotossintética e o potencial de rendimento da cultura.

Na de Soledade, a semeadura avançou pouco em razão do excesso de umidade no solo, chegando a 50%. Apesar do tempo firme e da presença de sol em alguns dias, não foi possível o trânsito de maquinário. O cenário se assemelha ao da safra anterior, quando grande parte da semeadura foi efetuada em julho, ainda dentro do período estabelecido pelo Zarc.

As lavouras já implantadas apresentam emergência e estabelecimento adequados. No entanto, as chuvas intensas causaram processos erosivos em diversas áreas, especialmente em baixadas com concentração de enxurradas. Conforme o Zarc, a semeadura encerra em 20 de julho para a maioria dos municípios da região, e em 31 de julho, para localidades de maior altitude, como Encruzilhada do Sul, Soledade e Barros Cassal.