Trigo

Paraná estima crescimento de 20,7% na produção da safra de inverno

A safra de inverno no Paraná deve totalizar uma produção 4,75 milhões de toneladas em 1,54 milhão de hectares, conforme a primeira estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Em relação à safra passada, o crescimento na produção é de aproximadamente 20,7%.

Do total, 3,87 milhões de toneladas correspondem ao trigo, volume 21% maior do que na safra passada. No entanto, a área de cultivo de trigo deve ter uma redução de 4% na comparação com o ano anterior – totalizando 1,17 milhão de hectares.

O custo médio para produzir uma saca de trigo no Paraná foi estimado em R$ 93,44, com preços levantados antes do início da invasão russa e seus subsequentes desdobramentos para os valores de fertilizantes. “Ou seja, as margens dos produtores estão bastante limitadas nas referências atuais, mas um futuro aumento na lucratividade poderia ainda incentivar um crescimento de área, visto que o plantio de trigo se estende até julho”, explica o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho.

Apesar dos valores expressivos recebidos pelos produtores, os custos também estão em patamar alto, o que dificultou aumento de área ao exigir grandes investimentos. Esse recuo é mais intenso na região Oeste, onde a segunda safra de milho retomou parte das áreas que havia perdido por falta de tempo hábil para plantio em 2021. A maior possibilidade de retorno com milho também gerou recuos de expectativa para a área de trigo na metade norte do Paraná.

No Sul e Sudoeste, onde as geadas impedem o plantio de milho na maioria dos municípios, a expectativa é outra. Nessas regiões mais frias há incremento de área, porém de maneira tímida em função da instabilidade de preços de venda do cereal, que estão oscilando próximos aos custos variáveis. Nesta semana [de 31 de março], com avanços nas negociações de paz no Leste Europeu, o real tem se valorizado e as cotações de trigo em Chicago voltaram a ficar abaixo de US$ 10,00 o bushel. Essa combinação refletiu nos preços de balcão no Paraná, que novamente estão abaixo de R$ 100,00 na maioria das praças.

Verão

A safra de grãos 2021/2022 no Paraná poderá somar 36,2 milhões de toneladas, volume 8% superior ao do ciclo passado. A área total, de 10,82 milhões de hectares, é 3% maior.

Na reta final da colheita da soja, avalia-se que as perdas se aproximem de 45% na comparação com a estimativa inicial. Agora, a produção estimada é de 11,58 milhões de toneladas.

Com relação ao milho da primeira safra, as perdas são de 32%. Essas perdas, tanto da soja quanto do milho, impactam também o mercado de ração, importante para a avicultura, piscicultura, suinocultura e pecuária leiteira, por exemplo.

Quanto às segundas safras de milho e feijão, as estimativas são mais otimistas. A produção de feijão está estimada em 585,57 mil toneladas. “Isso é muito bom para o abastecimento e para tentar normalizar os preços, em que pese o quadro agudo de inflação que o Brasil ainda vive”, explica o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. A segunda safra de milho tem perspectiva de chegar a 15,9 milhões de toneladas. “Estamos com um melhor regime de chuvas em todo o Paraná. A perspectiva é de colher boa safra, se o clima colaborar”, completa.

Na semana passada, a Seab e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) divulgaram notas técnicas sobre a importância dos fertilizantes, particularmente o importado da Rússia, para a agricultura nacional e paranaense. Segundo o chefe do Deral, Salatiel Turra, embora os preços dos insumos estejam altos, parte do volume de fertilizantes foi comprado com certa antecedência pelos produtores. “No entanto, para as próximas safras podemos ter consequências preocupantes em termos econômicos, considerando os custos de produção”, explica.

Com informações da Seab