Trigo

CTNBio autoriza comercialização da farinha de trigo transgênico no Brasil

A decisão é alvo de críticas e Abitrigo lamenta liberação

A Comissão Técnica Nacional em Biossegurança (CTNBio) decidiu hoje (11) pela liberação comercial do pedido de importação de farinha de trigo geneticamente modificado, nomeado HB4®, solicitada por uma empresa argentina. A decisão foi tomada após o órgão realizar avaliação de biossegurança de Organismo Geneticamente Modificado (OGM). A liberação é alvo de debates e críticas.

O trigo transgênico argentino apresenta aumento de produtividade em situações e ambientes de baixa disponibilidade hídrica e é resistente ao glufosinato. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) lamentou a decisão. “Apesar da forte rejeição do mercado internacional nos últimos 20 anos, lamentavelmente, o Brasil passará a ser conhecido como o primeiro país a aprovar a utilização de trigo transgênico no mundo. Essa decisão, carregada de incertezas no âmbito dos desdobramentos perante o mercado e a comunidade internacional, foi tomada com base em critérios que incidem na segurança, sem maior estudo sobre condições de mercado e de comportamento do consumidor”, afirmou em nota.

Entre os argumentos apresentados está o possível impacto nas exportações brasileiras de produtos derivados, como massas, biscoitos e pães, e na imagem do Agronegócio. A associação afirma que solicitará à Casa Civil da Presidência da República a convocação imediata do Comitê Nacional de Biossegurança para que que seja analisada, de forma mais abrangente, as implicações da presença de trigo transgênico da Argentina sobre o mercado brasileiro. Ainda será a analisada a tomada de medida cautelar para suspender a implementação da decisão da CTNBio até o pronunciamento do Comitê Nacional de Biossegurança.

A empresa Bioceres, solicitante da aprovação, celebrou a decisão. “A aprovação é um passo importante para a construção de sistemas de agricultura resilientes ao clima que usam o trigo como um componente-chave para a rotação de culturas. O trigo é um alimento básico para bilhões de pessoas em todo o mundo, e uma cultura que permaneceu órfã na esfera da biotecnologia, apesar de ser plantada em 200 milhões de hectares globalmente”, disse em nota oficial. De acordo com a empresa, a aprovação passou por um processo regulatório abrangente, que envolveu o desenvolvimento de metodologias para abordar questões de risco alergênico e demonstrar a equivalência de segurança do trigo HB4® em relação ao seu equivalente convencional.

A Argentina concedeu a primeira aprovação do trigo HB4® para crescimento e consumo no ano passado. O Brasil é o principal mercado de exportação do trigo argentino.

Notícia atualizada em 12/11 às 10h32