A produção de grãos no Brasil é estimada em alcançar 306,4 milhões de toneladas, conforme o 4º Levantamento para a safra 2023/24 divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quarta-feira (10). Esta projeção reflete uma nova redução na estimativa de colheita para o ciclo atual. Condições climáticas instáveis, com chuvas escassas e mal distribuídas no centro do país, além de precipitações volumosas no Sul, têm gerado atrasos no plantio e impactos negativos na produtividade das lavouras.
“A safra atual se destaca como uma das mais desafiadoras em termos de estimativas de área, produtividade e produção. Os problemas climáticos têm gerado incertezas e dificultado as decisões dos produtores”, observa Aroldo Antonio de Oliveira Neto, superintendente de Informações da Agropecuária da Conab.
A soja, principal cultura do país, deve apresentar uma produção de 155,3 milhões de toneladas, uma queda de 4,2% em relação às projeções iniciais de 162 milhões de toneladas, influenciada por chuvas irregulares e altas temperaturas prejudiciais ao plantio e desenvolvimento das lavouras. Essas condições climáticas também levaram alguns produtores a mudar para outras culturas, contribuindo para a redução da área plantada em comparação com o levantamento de dezembro.
Para o arroz, a estimativa é de uma produção de 10,8 milhões de toneladas. Aumentos nos preços incentivaram o aumento de área em alguns estados, mas atrasos no plantio, chuvas excessivas e dificuldades no manejo afetaram a produtividade.
No caso do feijão, prevê-se estabilidade na produção em comparação com a safra passada, atingindo 3,03 milhões de toneladas. Entretanto, a primeira safra da leguminosa enfrenta desafios devido à instabilidade do clima.
A produção total de milho está estimada em 117,6 milhões de toneladas, uma redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior. Isso é reflexo de uma área menor plantada e expectativas de rendimento comprometidas. Situações adversas impactam a primeira safra, que representa 20,7% da produção, com elevadas precipitações no Sul e baixas chuvas acompanhadas de altas temperaturas no Centro-Oeste.
O algodão deve ter um aumento de 6,2% na área cultivada em relação à safra anterior. Com estimativa de colheita de 3,1 milhões de toneladas de pluma, as condições climáticas menos favoráveis afetaram a produtividade.
Para o trigo, apesar de uma colheita de 8,1 milhões de toneladas, chuvas excessivas causaram perdas na produtividade após um início favorável.
No cenário de mercado, a redução na produção de soja devido a problemas climáticos poderá impactar as exportações. O aumento do biodiesel ao diesel indica uma maior demanda interna de óleo de soja. Projeções também indicam mudanças nas exportações de arroz, milho e trigo, sendo o Brasil mantendo-se como o principal exportador de milho.
Os detalhes completos do 4º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24 e as análises de mercado estão disponíveis no boletim divulgado pelo Portal da Conab.