Fruticultura

Sustentabilidade na produção de vinhos centralizará debates no Fórum de Vitivinicultura da Campanha Gaúcha

Terceira edição do evento será realizada nesta quarta e quinta-feira no Campus Dom Pedrito da Unipampa

Espaços que remetem à produção, indústria, cave, mercado e enoturismo representarão a cadeia da uva e do vinho.
Haverá também uma degustação técnica de produtos enológicos diferenciados com foco na sustentabilidade | Foto: Dandy Marchetti ibravin/Divulgação

No mundo do vinho, as práticas sustentáveis começam ainda no vinhedo, com a redução do uso de recursos naturais no cultivo das uvas, como água e energia, a utilização de técnicas renováveis e a reciclagem de resíduos e envolvem ainda a promoção da responsabilidade social. A sustentabilidade, no entanto, vai muito além disso e engloba toda a cadeia de produção, como a escolha da embalagem, a logística e o transporte e, até mesmo, o marketing do produto.

A sustentabilidade na produção de vinhos centralizará os debates no 3º Fórum de Vitivinicultura da Campanha Gaúcha, que será realizado nesta quarta e quinta-feira (21 e 22 de maio), no Campus Dom Pedrito da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Os organizadores esperam a participação de cerca de 250 pessoas ao longo do evento, “O Fórum discutirá a sustentabilidade na produção de vinhos, que é uma demanda dos consumidores”, ressalta Marcos Gabbardo, doutor e professor do curso de Enologia da Unipampa. “Na Campanha Gaúcha, o clima é favorável e as nossas vinícolas estão adotando práticas para garantir a qualidade da bebida e a preservação dos recursos naturais”, acrescenta.

Nova realidade

A produção de vinhos de forma sustentável é uma nova realidade com as mudanças climáticas que estão impactando a produção vitivinícola no mundo todo, conforme o enólogo Ricardo Morari, que será um dos palestrantes do Fórum e abordará o tema “Novos produtos vinícolas e sustentabilidade”. Ele também conduzirá uma degustação técnica de produtos enológicos diferenciados com foco na sustentabilidade.

O setor se preocupa com sustentabilidade para combater as mudanças climáticas e as novas tendências de consumo, a mudança de perfil do produto”, destaca Morari, que é diretor técnico da Associação Brasileira de Enologia (ABE) e enólogo-chefe da Cooperativa Vinícola Garibaldi, da Serra Gaúcha.

O enólogo salienta que sustentabilidade na produção de vinhos não foca somente na questão ambiental, mas também se preocupa com o social e o econômico. E diz que, no Brasil, as vinícolas estão se adaptando para adotar práticas sustentáveis. “As novas vinícolas já trazem isso em seu DNA, mas, até mesmo as mais antigas, aquelas históricas, estão adaptando as suas condições produtivas”, completa.

O Professor Doutor Leonardo Cury da Silva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRS), falará sobre o tema “Sustentabilidade na produção vitícola”. O especialista abordará técnicas que tem preconizado em seus experimentos, como o manejo de plantas de cobertura e uso de bioestimulantes a base de algas pardas, retiradas de ambientes mais frios. “Temos conseguido bons resultados e isso tem nos auxiliado no manejo sustentável de plantas, deixando-as mais fortes, bioestimuladas por mais tempo, o que permite que elas passem por um período de estresse de forma mais tranquila”, explica.

Cury, que é formado em Agronomia e tem mestrado em Produção Vegetal pela Universidade do Estado de Santa Catarina, apresentará um case de sucesso que culminou com o lançamento de um espumante extra-brut de uma vinícola de Encruzilhada do Sul, elaborado com uvas Pinot Noir. “Todo ele foi produzido em um sistema sustentável, mantendo a cobertura de solo, plantas bioestimuladas e aplicação controlada de fungicidas”, ressalta.

Variedades resistentes 

O uso de videiras Piwi (uma abreviação do termo alemão Pilzwiderstandsfähige para variedades resistentes) será apresentado pelo engenheiro agrônomo Charles Pontalti. O profissional, que trabalha há mais de 30 anos com a importação de mudas de videiras italianas, abordará o tema “Variedades resistentes e a perspectiva de sustentabilidade na vitivinicultura”.

Pontalti observa que Piwi caracteriza um grupo de variedades de uvas (brancas, rosas e tintas) obtidas por meio de melhoramento genético, a partir de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. Segundo ele, essas videiras são resistentes a doenças fúngicas como o míldio, oídio e black rot, que são comuns na viticultura. “Elas reduzem o custo do cultivo, pela menor aplicação de agroquímicos, não produzem danos ambientais e agronômicos [com compactação do solo e erosão] e, tampouco, prejudicam a saúde dos trabalhadores”, detalha.

Parcerias 

O 3º Fórum de Vitivinicultura da Campanha Gaúcha é promovido pela Unipampa em parceria com a prefeitura de Dom Pedrito, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado (Sebrae/RS), Associação Vinhos da Campanha Gaúcha e o Conselho de Planejamento e Gestão da Aplicação de Recursos Financeiros para Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis).