Ferrugem asiática

Ferrugem asiática da soja tem focos identificados na safra 2024/2025

Pesquisadores da Seapi monitoram o fungo; clima seco e ondas de calor limitaram avanço da doença

Sinais quando o fungo Phakopsora pachyrhizi ataca a planta.
Pesquisadores da Seapi monitoram o fungo nas lavouras gaúchas | Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi

A ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, registrou as primeiras ocorrências já em outubro de 2024 no Rio Grande do Sul, logo após o fim do vazio sanitário, em lavouras de Cruz Alta. O monitoramento realizado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) e pela Emater/RS-Ascar detectou altos níveis de esporos (infecção) nas semanas iniciais da safra 2024/25, com destaque para Muitos Capões (602 esporos), Três Passos (372), Ijuí (293) e Cruz Alta (205).

Os resultados constam da Circular Técnica nº 29 – Programa Monitora Ferrugem RS. Outubro e novembro concentraram os maiores níveis de inóculo, seguidos por março. Entre as regiões, o Planalto Médio apresentou a situação mais crítica, com 5.584 esporos, seguido pelo Planalto Superior–Serra do Nordeste (2.908) e pelo Alto/Médio Vale do Uruguai (2.281). A análise indicou que os picos do fungo ocorreram logo após períodos de chuva e em condições de alta umidade relativa do ar.

Apesar da elevada infecção inicial, o clima freou a expansão da doença. A safra 2024/25 foi marcada pela neutralidade climática — sem predominância de El Niño ou La Niña —, mas com chuvas abaixo da média em grande parte do estado e ondas de calor em fevereiro e março, quando as temperaturas ultrapassaram os 41°C. Esses fatores reduziram a formação de novos focos e resultaram em avanço menor que o observado na safra anterior, quando o El Niño favoreceu a maior disseminação da ferrugem.

O estudo conta ainda com a participação de outras instituições de pesquisa, além do Departamento de Defesa Vegetal (DDV/Seapi). O diretor do DDV destaca que o objetivo é monitorar a presença do fungo nas áreas de produção de soja e identificar as condições meteorológicas favoráveis ao seu desenvolvimento, permitindo a elaboração de um prognóstico de risco de ocorrência da ferrugem-asiática. “As informações geradas podem ser utilizadas para o início do controle da doença e para a tomada de decisão quanto ao uso de fungicidas”, enfatiza Ricardo Felicetti.

Pesquisa e monitoramento

O programa de monitoramento aerobiológico da ferrugem no RS mantém coletores de esporos em 77 lavouras de soja, distribuídas em 75 municípios que representam as 11 regiões ecoclimáticas do estado. Os dados são atualizados semanalmente e disponibilizados em mapas online, auxiliando produtores no manejo preventivo da doença.

De acordo com a doutora em fitopatologia da Seapi, Andréia Mara Rotta de Oliveira, uma das autoras do estudo, os resultados da Circular Técnica “reforçam a relevância do monitoramento climático aliado à vigilância do patógeno como estratégia essencial para o manejo preventivo da ferrugem asiática da soja”.

Atualmente, o estado cumpre o período de vazio sanitário da soja, em vigor de 3 de julho a 30 de setembro, quando é proibida a manutenção de plantas voluntárias ou em qualquer fase de desenvolvimento. A medida é considerada fundamental para reduzir a sobrevivência do fungo entre as safras.

Fonte: Seapi