Soja

Colheita atinge 24% da área cultivada no Rio Grande do Sul

Emater/RS-Ascar alerta que a falta de chuvas regulares em março poderá comprometer o potencial produtivo das lavouras

Planta de soja pronta para ser colhida.
Colheita chegou a 24% da área semeada, mas seca castiga as lavouras | Foto: CNA Brasil/Divulgação

A colheita da soja avançou de 11% para 24% da área cultivada no Rio Grande do Sul, acompanhando o término do ciclo fenológico das lavouras, de acordo com levantamento divulgado nesta quinta-feira (27) pela Emater/RS-Ascar. A produtividade média está estimada em 2.240 quilos por hectare, com ampla variabilidade. Nas áreas a Oeste, foram registradas perdas que inviabilizam economicamente a colheita.

Já em partes do Planalto e nos Campos de Cima da Serra, as produtividades estão próximas ao potencial das cultivares, ultrapassando 4 mil quilos por hectare, em cultivos beneficiados por precipitações regulares. Nas zonas críticas, observa-se aumento expressivo de demandas por cobertura do Proagro.

No Estado, o cenário predominante é de intenso amarelecimento das folhas, associado ao amadurecimento e senescência, indicando a conclusão do ciclo e a maturação em 43% das áreas, semeadas até a primeira quinzena de dezembro. Entretanto, em parte das lavouras, está sendo necessário realizar a dessecação pré-colheita para uniformizá-las, pois as condições climáticas, predominantemente secas e a ocorrência de chuvas irregulares, provocaram rebrotes, resultando em plantas com legumes verdes e secos simultaneamente.

Essa desuniformidade pode dificultar a colheita e impactar negativamente a qualidade do produto, além de provocar descontos na comercialização. Outro fator que interfere na colheita são os grãos com umidade próxima a 13%; em algumas áreas, os níveis chegam até 7%, caracterizando extrema secura. Essa condição não apenas reduz os rendimentos, como também aumenta significativamente os danos mecânicos durante o processo de trilha.

A falta de chuvas regulares em março poderá comprometer o potencial produtivo das lavouras em fase de floração e enchimento de grãos (35%), agravando a expectativa de redução nos rendimentos médios, já considerados baixos. Em termos fitossanitários, na maioria das áreas, concluíram-se os tratamentos, embora alguns produtores insistam em aplicar fungicidas nos talhões de maior potencial produtivo, mesmo sob condições de baixa umidade relativa do ar, desfavoráveis à incidência de patógenos.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha Gaúcha, o quadro das lavouras voltou a se agravar devido às chuvas escassas em março. As estimativas de perdas seguem crescentes, impactando também os cultivos de implantação mais tardia.

Em Maçambará, 15% foram colhidos, com rendimentos extremamente baixos, alcançando no máximo 720 quilos por hectare. Em Manoel Viana, a colheita atingiu 10%, e as produtividades variam entre 500 e 1,2 mil quilos por hectare. A estimativa de perdas foi elevada para 60%, principalmente nas lavouras implantadas em dezembro e janeiro. Em São Borja, o cenário é semelhante, com perdas estimadas em 55%. Em algumas áreas, o potencial produtivo está tão baixo que a colheita se torna economicamente inviável.

Na Campanha, as chuvas registradas em 22/03 apresentaram volumes variados. Porém, de forma geral, os acumulados foram insuficientes para aliviar o estresse hídrico das plantas em fase de formação de vagens e em início do enchimento de grãos, especialmente nas áreas implantadas a partir da segunda quinzena de dezembro.

Em Bagé, Aceguá e Hulha Negra, os cultivos que anteriormente demonstravam bom potencial produtivo apresentam redução de produtividade; estima-se decréscimo de até 300 quilos por hectare a cada semana, se não chover. Nas áreas semeadas até a primeira quinzena de dezembro, observa-se avanço acelerado da senescência.

No entanto, em regiões com maior retenção de umidade, há plantas verdes, cujo peso de grãos das últimas vagens emitidas pode aumentar, caso ocorram precipitações nos próximos dias. Em Caçapava do Sul, 5% foram colhidos, mas as produtividades estão significativamente impactadas pela estiagem, variando de 420 a 1,2 mil quilos por hectare.

Na de Caxias do Sul, a colheita avançou rapidamente, chegando a aproximadamente 15%. Contudo, muitos produtores estão enfrentando dificuldades para efetuar a operação devido à baixa umidade dos grãos (até 13%), resultando em menor peso e prejuízos econômicos. Nos Campos de Cima da Serra, apesar de pouco afetadas pela estiagem, as lavouras mais tardias, em fase de enchimento de grãos, começam a apresentar perdas, pois as chuvas de março foram insuficientes para suprir as demandas hídricas das plantas, comprometendo o potencial produtivo.

Na de Erechim, aproximadamente 50% das lavouras foram colhidas, e cerca de 40% estão em maturação. A produtividade média está próxima a 2,5 mil quilos por hectare, mas a insuficiência de chuvas em março ainda pode interferir negativamente os resultados. Os produtores, em expectativa de valorização dos preços, optam por reter a comercialização da produção colhida, mantendo-a armazenada em cerealistas e cooperativas.

Na de Passo Fundo, 15% das lavouras estão em formação de vagens e enchimento de grãos; 50% em maturação; e 35% colhidos. A produtividade estimada é de 2.552 quilos por hectare. Na de Soledade, 15% da área foi colhida. A maior parte das lavouras encontra-se em maturação fisiológica, e as demais estão em final de enchimento de grãos. Devido à escassez de chuvas, o processo de maturação foi antecipado, e a estatura das plantas ficou abaixo do normal. A colheita deverá ser concentrada entre o final de março e as primeiras semanas de abril.