Análise

Está faltando soja no Brasil?

Entre janeiro e agosto deste ano, a importação de soja pelo Brasil cresceu 703,1% - foram 802,4 mil toneladas internalizadas, sendo o Paraguai o principal fornecedor

grãos de soja
No período, o Brasil exportou 83,4 milhões de toneladas, crescimento de 3,2%, frente a 2023 | Foto: Daniela Paola Alchapar/Unsplash

por Felipe Fabbri – analista de mercado da Scot Consultoria

Entre janeiro e agosto deste ano, a importação de soja pelo Brasil cresceu 703,1% – foram 802,4 mil toneladas internalizadas, sendo o Paraguai o principal fornecedor.

No período, o Brasil exportou 83,4 milhões de toneladas, crescimento de 3,2%, frente a 2023.

Em setembro, até a segunda semana, o Brasil embarcou 3,0 milhões de toneladas de soja, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Se a média diária de embarque se mantiver, o mês deverá encerrar com 6,0 milhões de toneladas exportadas. Esse volume é relativamente atípico para setembro, uma vez que o mercado internacional normalmente direciona suas compras para a safra norte-americana, que está em fase de colheita.

Tomando como referência os volumes exportados nos últimos meses de 2023 (outubro, novembro e dezembro), é possível projetar um total de mais 14,6 milhões de toneladas até o fim do ano.

Assim, considerando o volume já exportado e a expectativa até dezembro, o total de soja embarcada pelo Brasil em 2024 deve chegar a 104,0 milhões de toneladas. Esse montante representa um aumento de 2,2% em relação ao ano passado, quando foram exportadas 101,9 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde para o setor.

No mercado interno, a estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) para o esmagamento da oleaginosa em 2024 é de 54,5 milhões de toneladas. Até julho, o país já havia processado 28,3 milhões de toneladas.

Somando a exportação e a demanda interna, estima-se um consumo total de 158,5 milhões de toneladas de soja.

Considerando uma produção de 147,3 milhões e estoques iniciais de 3,3 milhões de toneladas (Conab), o total disponível é de 150,6 milhões de toneladas. O balanço, portanto, é deficitário.

O quadro doméstico tem dado firmeza à cotação da soja no Brasil, que subiu 7,8% em trinta dias.

Além deste balanço deficitário, o mercado também está de olho no clima, que tem atrasado a semeadura no Brasil – onde em 2023, até 15/9, já tinha começado (0,2% da área) e este ano está-se aguardando por maiores volumes de chuva.

Em curto prazo, a exportação brasileira deve ser mais comedida, com o mercado internacional comprando dos norte-americanos.

Fonte: Scot Consultoria