As colheitas da soja e do milho estão concluídas em Santa Catarina. Dados divulgados nesta terça-feira (16) pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) confirmam que a safra 2023/2024 foi encerrada com uma produção menor do que a registrada na safra anterior. O cultivo mais afetado foi o do milho grão, que teve uma produção total 21,8% menor. No caso da soja, a produção total recuou 8,1% na comparação com a safra 2022/2023.
Os dados constam no Boletim Agropecuário do mês de julho, que está disponível no site do Observatório Agro Catarinense e do Infoagro. Esta edição inaugura o novo formato do documento, com melhorias relacionadas à navegação pelo seu conteúdo e novo layout.
Apesar do crescimento de 2,5% na área plantada de soja, a produtividade da primeira safra diminuiu 11,1% em relação ao ano passado, resultando em aproximadamente 3,4 toneladas por hectare na média estadual. Com isso, a produção total na safra catarinense recém encerrada ficou em 2,75 milhões de toneladas. “As precipitações elevadas em outubro e novembro de 2023 causaram atraso na semeadura, perdas de nutrientes por lixiviação e prejuízo no padrão de população de plantas”, ressalta o documento.
Enquanto na safra 2022/2023 a produtividade do milho atingiu a média de 8,3 toneladas por hectare, na safra 2023/2024 esse volume foi de aproximadamente 7 toneladas por hectare, uma redução de quase 15,2%. No total, foram colhidas na safra recém encerrada 2,26 milhões de toneladas de milho.
Conforme o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, a redução na produção de milho foi consequência de um encolhimento da área plantada e da produtividade média. “Houve uma redução de 8,7% na área plantada com milho em Santa Catarina, além disso, problemas climáticos ocasionaram uma redução significativa da produtividade média”, explica.
Mercado
Na parcial de julho, o preço médio pago ao produtor catarinense pela saca de milho foi de R$57,97 para a saca de 60 quilos. Embora isso represente um pequeno recuo em relação ao mês anterior, está acima do registrado no mesmo período do ano passado. No entanto, conforme explica Elias, no acumulado do ano de 2024 a variação do preço pago ao produtor para o milho é negativa. “O cultivo do milho no Estado enfrenta sérios desafios devido à alta incidência da cigarrinha-do-milho, ao elevado custo de produção e aos preços insatisfatórios recebidos pelos produtores”, afirma.
O preço médio pago ao produtor pela saca de soja, por outro lado, tem mantido a tendência de recuperação diante dos preços registrados no início do ano. Em junho, o valor médio da saca de 60 quilos foi de R$125,90, um crescimento de 2,7% na comparação com o mês anterior. No entanto, no início de julho houve queda das cotações em função da movimentação dos fundos de investimentos, do dólar e das condições das lavouras dos Estados Unidos, que atuam de maneira importante nas cotações internacionais (Bolsa de Chicago), as quais refletem no mercado interno.
Arroz
A safra catarinense de arroz 2023/2024 encontra-se encerrada e, comparativamente à safra anterior, foi registrada uma redução da área plantada em aproximadamente 0,9%. A ocorrência de chuvas excessivas, baixa luminosidade, excesso de nebulosidade, dificuldade de execução de tratamentos fitossanitários e excesso de calor na floração, prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Com isso, foi confirmada uma produtividade 7,6% menor em relação à safra passada.
Os preços do arroz em casca, no mês de junho, apresentaram elevação em função da expectativa de uma produção nacional menor. Com o andamento da colheita e confirmação de quebra de safra menor do que o esperado, os preços nos primeiros 10 dias de julho apresentaram comportamento decrescente.
Feijão
A safra de feijão também está encerrada no estado. O volume total colhido nas duas safras estaduais é estimado em 113 mil toneladas, uma pequena redução de 0,8% quando comparado à safra anterior.
Os preços recebidos pelos produtores catarinenses de feijão-carioca tiveram modesta valorização de 0,76% no mês de junho (passou de R$151,54 para R$152,69, a saca de 60 quilos). Já para o feijão-preto, o preço médio recebido pelos produtores teve um crescimento de 6,68% em relação ao mês anterior, passando de R$189,61 para R$202,27. Na comparação com junho do ano passado, o preço médio da saca de feijão-preto está 3,40% mais alto. Já o preço médio pago ao produtor pelo feijão-carioca registou uma redução de 33,45% na variação anual.
Trigo
A atualização de junho sobre a safra de trigo 2024/2025 indica uma redução de 10% na área plantada, tendo como referência a safra anterior. A produtividade média estadual deverá crescer, com um aumento estimado de 56,1%. Com isso, a produção também deve aumentar cerca de 39,8%. Em relação à evolução do plantio, até a última semana de junho, aproximadamente 49% da área estimada havia sido plantada. A condição das lavouras é considerada boa em 99% dessa área.
Em junho, a variação mensal no preço médio pago ao produtor catarinense teve uma alta de 5,73%. As cotações do trigo, no mercado brasileiro, têm se sustentado pelos baixos estoques no mercado interno, sobretudo para o produto com qualidade superior. O motivo é que o trigo ofertado na safra passada, em geral, apresentou qualidade comercial ruim.
Alho
De acordo com o acompanhamento do Projeto Safras da Epagri/Cepa, 39% da área prevista para plantio na safra 2024/2025, já foi efetivada no Estado e, até o momento, as condições das lavouras são boas.
As cotações do alho, no atacado, se mantêm firmes. Os preços do produto vêm em ascendência desde abril de 2023 em função da baixa oferta, interna e externa. Na Ceagesp, no início de junho, o alho classe 5 foi comercializado a R$27,78 o quilo, o alho classe 6 iniciou o mês a R$29,93 e o alho classe 7 a R$32,80 o quilo.
O preço médio pago aos produtores, em Santa Catarina, no mês de junho, teve redução de 30% para o alho categorias 4-5, na comparação com o mês anterior, reflexo do encerramento da comercialização da safra no Estado. No primeiro semestre de 2024, as importações foram de 92,82 mil toneladas, 23,54% superior ao mesmo período do ano passado.
Cebola
Segundo o acompanhamento do Projeto Safras da Epagri/Cepa, 18% da área estimada para plantio no Estado, na safra 2024/2025, já foi realizada e a situação das lavouras é considerada boa.
Apesar do incremento da produção paulista, no mês de junho, as cotações da cebola se mantiveram firmes, puxadas pela baixa oferta interna. O preço médio pago ao produtor catarinense, no mês, foi de R$60,50 a saca de 20 quilos, redução de 26,66% em relação ao mês de maio. Na Ceagesp/SP, o mês de junho iniciou com o preço em R$5,69 o quilo para a cebola-nacional média. Na Ceasa/SC (unidade de São José), no mesmo período, o preço da cebola tipo 3 foi cotado a R$5,00 o quilo, redução de 16,66% em relação ao início de maio.
As importações de cebola, no primeiro semestre deste ano, são superiores a 249 mil toneladas, volume recorde quando levados em consideração os últimos anos.
Com informações da Epagri/Cepa