Chuvas

Setor estima quebra de 14,38% na safra de tabaco no Rio Grande do Sul

Os prejuízos das enchentes no setor chegam a R$ 95 milhões

Foto de lavoura de tabaco.
Estimativa é de aumento de 7,07% da área plantada, totalizando 125,9 mil hectares | Foto: Arquivo/Seapi

Os números preliminares da safra de tabaco 2023/2024 foram apresentados nesta segunda-feira (01) pela Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra) durante Reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco. Os dados ainda estão sendo finalizados, mas a estimativa é de um aumento da área plantada de 7, 07%, totalizando 125,9 mil hectares. Apesar do aumento da área, a produção deve ser 14,38% menor do que no ano passado, totalizando 219,9 mil toneladas. A produtividade deve ficar em 1.746 kg/há, uma redução de 20,05% em relação à safra anterior.

A redução é uma consequência do excesso de chuvas durante a safra, segundo o diretor da Afubra, Romeu Schneider. Ainda assim, ele destaca o aumento no preço pago ao produtor, que chegou a subir quase 40% do início para o final do período de comercialização. O faturamento, a nível de produtor, teve um aumento de 13,64%, chegando a 5,2 bilhões de reais. Segundo Schneider, “normalmente quando a remuneração ao produtor é muito expressiva em uma safra, tem aumento de área, o que pode causar excesso de oferta”.

O número de famílias produtoras também cresceu, passando de 64.761 para 68.582, aumento de 5,90%. Atualmente, dos 1191 municípios dos três estados do Sul, 509 produziram tabaco na safra 2023/2024. Destes, 201 municípios estão no Rio Grande do Sul.

Reunião da Câmara Setorial do Tabaco contou com presença do secretário Clair Kuhn (no centro) na abertura | Foto: Eduardo Patron/Ascom Seapi

O secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Clair Kuhn, falou da necessidade de que os produtores estejam alertas aos eventos climáticos, porque existe uma previsão de poucas chuvas e um período curto de estiagem. “Lembro do Programa de Irrigação Supera Estiagem lançado pelo governo, que incluiu os fumicultores gaúchos como possíveis beneficiários”, disse ele.

Indenizações por granizo

Os valores em indenizações por conta do granizo na região sul do país chegaram nesta safra a 36,5 mil atendimentos, num total de R$ 216 milhões, aumento de 20,46% em relação à safra anterior, quando os valores pagos chegaram a R$ 179 milhões. Segundo o diretor da Afubra, “é importante lembrar que a grande maioria dos produtores faz a inscrição no seguro para ter a garantia de ter parte da receita de volta em casos de perdas por granizo”.

Prejuízos das enchentes

O adiantamento das compras de tabaco amenizou o impacto das enchentes na cultura. “Felizmente, tivemos uma coisa totalmente atípica nesta safra 23/24. Normalmente, as compras do produto acontecem até julho, só que neste ano devido a uma safra menor e um preço alto pago ao produtor, ela se deu no final de abril”, destacou Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco).

O SindiTabaco fez um levantamento sobre os prejuízos causados pela calamidade climática do mês de maio. Os dados apresentados mostram que 1,9 mil propriedades rurais de fumicultores foram atingidas pelas cheias em 75 municípios. Em termos de produtores afetados se destacam Candelária, onde 214 produtores tiveram prejuízos, seguida de Agudo (136), Barros Cassal (132) e Venâncio Aires (116). Considerando a valoração estimada das perdas, os dez municípios mais prejudicados foram Venâncio Aires (R$ 18,3 milhões), Candelária (R$ 16,52 milhões), Agudo (R$ 6,35 milhões). No total, os prejuízos calculados no setor chegam a R$ 95 milhões.

Além disso, foram perdidos 2 mil canteiros, 1,4 mil hectares [terra agricultável], 285 toneladas de fertilizantes e a estimativa de perda de produção na safra 2024/25 é de 848 toneladas. O levantamento também demonstrou que 96% dos produtores que foram atingidos pretendem seguir produzindo tabaco.

Iro Schünke informou que as indústrias estão apoiando um grande número de funcionários que tiveram perdas pelas cheias, bem como os fumicultores, com a distribuição de kits com insumos para o plantio. Mas entende que políticas públicas serão necessárias para atender emergencialmente os produtores, especialmente no acesso a linhas de crédito para a manutenção e construção de residências, estufas e galpões.

A reunião contou com a participação de: Afubra, SindiTabaco, Defesa Civil de Canguçu, Federação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Fumo e Afins (Fentifumo), Emater, Receita Estadual, IBGE e Seapi.

Com informações da Seapi