Fruticultura

Rio Grande do Sul responde por 80% da produção nacional de noz-pecã

Calor extremo e estiagem prolongada ameaçam a produção na safra 2024-2025, que pode ter quebra de 40%

Planta de noz-pecã.
IBPecan estima quebra de 40% na produção da noz-pecã na safra 2024-2025 | Foto: IBPecan/Divulgação

O Rio Grande do Sul possui a maior área plantada da cultura da nogueira-pecã (Carya illinoinensis) no Brasil, com aproximadamente 10,5 mil hectares cultivados. No Estado são cerca de 2 mil produtores, a maioria composta por agricultores familiares. Nos últimos anos o volume de investimentos na cultura da noz-pecan chegou na ordem de R$ 100 milhões, segundo projeções da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

Em 2023, a colheita ficou próxima a 5 mil toneladas. Em 2024, a cultura foi muito prejudicada pelas enchentes de maio, logo depois da abertura oficial da colheita, em Anta Gorda. E, neste ano, a ameaça vem do forte calor e da prolongada estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña, que reduz as precipitações na Região Sul.

O Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) estima quebra de 40% da safra de noz-pecã do Rio Grande do Sul, que responde por mais de 80% da produção nacional. Além disso, o Estado sedia mais de 90% da indústria de beneficiamento, recebendo a produção gaúcha, catarinense e paranaense. A previsão é de que sejam colhidos 4 a 5 mil toneladas.

Além disso, a informalidade dentro do setor ainda é expressiva. “De acordo com dados puxados pela Emater, foi visto que a informalidade dentro do setor ainda é muito grande e impacta muito o crescimento do setor, também por causa dos altos custos de revenda de noz”, relata o presidente do IBPecan, Claiton Wallauer.

Um dos objetivos da entidade é atrair estes produtores para que se regularizem por meio da formalização, criando, assim, novas agroindústrias, promovendo a qualidade do produto e a sanidade. Uma das formas que o IBPecan busca para isso é a criação de um regime tributário diferenciado para a pecã, a exemplo do que foi conquistado pelos produtores de oliveiras e azeites de oliva e que passou a valor a partir de janeiro deste ano, onde houve a redução de 12% para 4% no ICMS.

Neste ano, a sétima edição da Abertura Oficial da Colheita da Noz-Pecã será realizada no dia 11 de abril, em Glorinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O evento ocorrerá na Nozes Glorinha, de Karion Minussi.

Minussi possui duas propriedades. A que se localiza às margens da BR-290 é a que receberá o evento. Ali, os pomares de 3,08 mil árvores, têm entre nove e cinco anos. Foi escolhida pela facilidade de acesso e por possuir um pavilhão de 750 metros quadrados, o que permite que as atividades ocorram mesmo com chuva. A outra propriedade que compõe a Nozes Glorinha, fica na divisa do município com Gravataí e é formada por 3 mil nogueiras.

Números da noz-pecã

  • O Brasil é quarto maior produtor do fruto, ficando atrás somente dos Estados Unidos, México e África do Sul;
  • O Rio Grande do Sul responde por cerca de 80% da produção nacional;
  • No Estado, a área plantada é de 10,5 mil hectares;
  • A atividade conta com cerca de 2 mil produtores, a maioria composta por agricultores familiares;
  • A produção abastece o mercado interno e o excedente é exportado para Ásia, Oriente Médio, Europa, Canadá e Estados Unidos.