Produtividade

Produção de milho no RS deve ser menor que o esperado

Mãos segurando uma espiga de milho
Foto: Frank Meriño

 A produção gaúcha de milho não deve cumprir as expectativas iniciais projetadas para a safra. Assim como outros cultivos da época, o grão sofre impactos devido ao excesso de umidade, e o reflexo deverá ser na quantidade produzida.

As primeiras projeções da Emater/RS-Ascar apontavam para 6 milhões de toneladas colhidas na safra 2023/2024. Mas a produtividade média do que já foi colhido está abaixo do esperado, o que deve reduzir o volume total. Cerca de 30% da área plantada já foi colhida.

Depois de duas safras frustradas pela escassez de chuva, foi logo o excesso dela que pegou os produtores de surpresa, diz o presidente da Associação dos Produtores de Milho do RS (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti. “O El Niño era a esperança de salvação da lavoura que tínhamos depois de tanta falta d?água, mas, no final das contas, ela veio em excesso. O produtor acabou se distraindo com a sanidade, deixando a plantação vulnerável ao surgimento de doenças que há tempos não apareciam”, diz Meneghetti.

Justamente pelos anos de estiagem, os produtores não tinham o costume de lidar com a bacteriose, por exemplo. O manejo, portanto, veio tarde demais. A doença se prolifera de maneira oportunista e vem causando problemas em diversas regiões produtoras.

O excesso de chuva pegou parte importante do período de polinização, afetando principalmente o milho “do cedo”. A falta de polinização e a entrada de fungos nas lavouras afetam as espigas, que se abrem e ficam mais vulneráveis à chuva, produzindo um grão de menor qualidade. Outros problemas folheares e a cigarrinha do milho pioram o quadro sanitário.

Segundo a Apromilho, regiões que costumam colher em média 150 sacas de milho por hectare estão colhendo entre 20 e 60 sacas, apenas. A entidade ainda não quantifica o estrago, mas já dá a quebra como certa.

Além do impacto no RS, o Centro-Oeste do país também teve problemas com seca, atraso no plantio e desistência de produtores no plantio do milho segunda safra, o safrinha. Tudo isso deve afetar o fornecimento do grão. Outra preocupação é em relação ao preço, que caiu pela metade.

– Os custos reduziram, mas o preço final do milho também. O meu medo não é nem quanto à produção do ano, mas com a desistência dos produtores para as próximas safras – alerta Meneghetti.