Neste ano, quase 20% da área de milho já foi colhida no Brasil, enquanto no ano passado a colheita atingiu apenas 9% no mesmo período. Apesar do bom ritmo na colheita da safrinha, as cotações trabalharam estáveis ao longo do mês de junho. “Mesmo com uma maior disponibilidade do cereal a gente não viu uma pressão de baixa conseguindo ganhar corpo aqui no mercado doméstico”, frisa o analista de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri.
Esse cenário positivo, é resultante das incertezas no mercado internacional, principalmente, com relação preocupação da safra nos Estado Unidos. “Há uma preocupação muito grande quanto ao desenvolvimento das lavouras norte-americanas. O próprio USDA trouxe uma revisão com relação às lavouras com boas condições, reduzindo o número das que se encontram em boas condições”, informa.
Além disso, o conflito Rússia e Ucrânia segue influenciando no mercado, já que a Ucrânia é a quarta maior exportadora global de milho. “Então há essa preocupação com o cenário internacional que tem mantido as cotações lá fora em patamares elevados. Tanto que o milho ao longo desse mês de junho chegou as maiores cotações da história na bolsa de Chicago (contrato futuro).
Portanto, o mercado internacional firme tem colaborado com uma sustentação dos preços aqui no mercado brasileiro, mesmo com a colheita da segunda safra em um ritmo bem acelerado.
Felipe Fabbri
Outro ponto de atenção é o câmbio. “Ao longo do mês vimos o câmbio operando praticamente acima dos R$ 5,00 por dólar. Então cenário de câmbio mais elevado vem colaborando com o viés mais altista em meio a essas incertezas do mercado internacional”, explica Fabbi.
Exportações
Na comparação feita ano a ano, a exportação de milho aumentou 50,9% de janeiro a maio de 2022. A expectativa é que o volume seja maior em 2022, em meio às incertezas envolvendo a oferta global.
Só em junho os embarques de milho tiveram alta de mais de 700% no comparativo anual. “Quando a gente pega a média diária de junho de 2022 com junho de 2021, nós temos um incremento de quase 720%, nos embarques diários de milho, então um cenário exportador muito positivo”, informa o analista de mercado.
A média é de 35,9 mil toneladas embarcadas por dia em junho, enquanto em junho de 2021 era de apenas 4,4 mil toneladas por dia.
Julho
Todo o cenário de incertezas e as altas nas exportações manteve a pressão de baixa mais limitada ao longo de junho. E para julho a expectativa é que o avanço da colheita comece a pesar sobre os preços. “Ainda de olho no mercado internacional, principalmente o desenrolar da safra norte-americana, podem colaborar para um viés mais baixista, se o desenvolver das lavouras melhorar nos EUA. Com relação ao contexto ucraniano, a expectativa de redução nas exportações já está consolidada, então isso não deve acabar pesando tanto em julho”, finaliza Fabbri.