Safra 23/24

Milho: preços têm subido na maioria das regiões pesquisadas pelo Cepea

A terceira safra cultivada nas regiões Norte e Nordeste, deve produzir 1,99 milhão de toneladas, 7,6% inferior à temporada anterior

milho
Foto: Michael Fischer/Divulgação

O Centro de Estudos Aplicados em Economia Aplicada (Cepea), divulgou na última semana, as agromensais de fevereiro de 2024. No documento, Cepea diz que no milho, os agentes estiveram cautelosos nas negociações, na maior parte de fevereiro. Já os consumidores priorizaram o uso de estoques, enquanto à vendedores estiveram atentos colheita da safra verão e à semeadura e/ou ao desenvolvimento da segunda safra. Apesar da queda na produção 2023/24, a melhora do clima pode beneficiar as lavouras de verão semeadas tardiamente e também as de segunda safra que estão em período de implantação.

Além disso, compradores acreditam em novas desvalorizações do milho, fundamentados na possível entrada de maior volume da safra verão e da menor paridade de exportação, que, por sua vez, foi pressionada pelo recuo na cotação internacional do milho em boa parte de fevereiro.

Com isso, na região consumidora de Campinas (SP), o Indicador SALQ/BM&FBovespa acumulou leve baixa de 0,2% entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro, fechando a R$ 62,23/saca de 60 quilos no dia 29. A média mensal do Indicador, de R$ 62,58/sc, está 5% menor que a de janeiro e 27% inferior à do mesmo período de 2023.

Regionalmente, no acumulado no mês (31 de janeiro a 29 de fevereiro), os preços de balcão (pago ao produtor) e de lotes (negociações entre empresas) recuaram 3,8% e 2,9%, respectivamente. Quanto às médias mensais, as quedas foram de 4,7% e 6% frente às de janeiro/24, nessa ordem.

Portos

O ritmo de negociações nos portos voltou a se reduzir em fevereiro, já que a prioridade foram os embarques de soja. O volume de milho exportado no mês foi de 1,71 milhão de toneladas, 25% inferior ao do mesmo período do ano anterior – dados da Secex.

Nem mesmo as negociações para entrega futura registraram progresso. Como os preços praticados em fevereiro são considerados baixos por produtores, muitos preferem negociar o cereal mais próximo da safra, quando a produtividade será definida. Em fevereiro, as médias das intenções de compra nos portos para entrega em agosto e setembro de 2024 foram de respectivos R$ 56,35/sc e R$ 56,83/saca de 60 kg, 3% e 2% inferiores às de janeiro.

Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que apenas 19,21% da safra 2023/24 havia sido comercializada até 12 de fevereiro, avanço de 1,44 p.p. em relação ao verificado em janeiro, mas ainda 5,96 p.p. abaixo do mesmo período da safra 2022/23.

Paraná

No Paraná, a Seab/Deral indica que a comercialização da safra verão somava 15% até fevereiro, acima dos 10% registrado em fevereiro/23. Já para a segunda safra, a negociação é de 3%, contra 2% em 2023.

Estimativas

Conforme relatório divulgado pela Conab no início de fevereiro, a produção brasileira da safra 2023/24 deve totalizar 113,69 milhões de toneladas, 14% abaixo da temporada anterior, como consequência das reduções na área e na produtividade das três safras nacionais.

  • Primeira safra: a menor área e o excesso de chuvas durante o desenvolvimento reduziram a produção para 23,6 milhões de toneladas, 14% inferior à de 2022/23.
  • Segunda safra: o atraso dos trabalhos de campo referentes à soja e os menores preços praticados em 2023 levam produtores a estimar redução na área com milho. Além disso, a produtividade está projetada para ser 7% menor que a verificada na safra anterior, resultando em produção de 88,09 milhões de toneladas, queda de 14% ante 2022/23.
  • Terceira safra: cultivada nas regiões Norte e Nordeste, deve produzir 1,99 milhão de toneladas, 7,6% inferior à temporada anterior.

A Companhia espera aumento de 4,5 milhões de toneladas no consumo interno frente à safra anterior, estimado agora em 84,11 milhões de toneladas. As importações são apontadas em 2,5 milhões de toneladas.

Assim, o Brasil teria, na safra 2023/24, excedente exportável (soma do estoque inicial, da produção e da importação menos o consumo interno) cerca de 38,5 milhões de toneladas.

Já a exportação da safra 2023/24 tem sido reduzida mês após mês e, agora, está prevista em 32 milhões de toneladas. Nesse contexto, apenas 6,46 milhões de toneladas restarão ao final da temporada, patamar baixo frente a anos anteriores.

O USDA, por sua vez, segue apontando produção mundial elevada na safra 2023/24, agora estimada em 1,23 bilhão de toneladas, devido principalmente ao crescimento da oferta nos Estados Unidos e na Argentina. O consumo também deve avançar, indo para 1,21 bilhão de toneladas, mas a maior produção global permite que as estimativas de estoques mundiais aumentem 20 milhões de toneladas, agora projetados em 322 milhões de toneladas.

Campo

A colheita da safra verão atingiu, até 3 de março, 29,4% da área nacional, 6,8 p.p. acima do observado no mesmo período da temporada anterior. Já a semeadura da segunda safra tem média nacional de 73,7% até o dia 3, avanço anual de 10,1 p.p., segundo a Conab.

Internacional

Os futuros apresentaram fortes baixas no acumulado de fevereiro, influenciados principalmente pela ampla oferta dos Estados Unidos na temporada 2023/24 e pela perspectiva de que esse cenário se mantenha também em 2024/25.

A previsão é de que a produção nos Estados Unidos será de 389 milhões de toneladas na temporada 2023/24. O USDA também indicou que, para 2024/25, a colheita deve somar 382 milhões de toneladas, 2% inferior à anterior, mas ainda ampla.

Na Bolsa de Chicago (CME Group), o contrato Mar/24 recuou fortes 7,3% em fevereiro, fechando a US$ 4,1575/bushel (US$ 163,67/t) no dia 29. Os vencimentos Mai/24 e Jul/24 cederam 6,3% e 5,4%, nesta ordem, fechando a US$ 4,2950/bushel (US$ 169,08/t) e a US$ 4,4125/bushel (US$173,71/t).