Safra

Lavouras de soja no RS estão em enchimento de grãos

Área cultivada no Estado foi reavaliada em 6.681.716 hectares, sendo 0,35% superior aos 6.658.472 hectares

Plantação de soja
O preço médio recebido pelas vendas externas de soja no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 136,30/sc de 60 kg | Foto: Divulgação

A cultura da soja segue em desenvolvimento no Rio Grande do Sul, preponderando a fase de enchimento de grãos, abrangendo 68% dos cultivos. A maturação atinge 8%, e algumas lavouras, ainda sem relevância estatística, foram colhidas. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado na quinta-feira, 7, pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), nas diversas regiões produtoras, as lavouras de soja apresentaram melhora significativa, após o aumento da frequência de precipitações, em fevereiro. O volume ultrapassou 200 mm em parte do Estado, mas na região Sudeste foi significativamente menor, gerando um quadro de estiagem localizado.

Nesta semana, durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, a Emater/RS-Ascar apresentou a atualização da estimativa da safra de grãos de verão 2023/2024. A área cultivada com soja no Estado foi reavaliada em 6.681.716 hectares, sendo 0,35% superior aos 6.658.472 hectares cultivados na safra passada (2022/2023). No entanto, as sucessivas precipitações proporcionarão um aumento na produtividade em 70,83%, comparativamente entre 2022/2023 e 2023/2024, passando de 1.949 kg/ha para 3.329 kg/ha. Em decorrência desse incremento, a produção estadual da oleaginosa deverá alcançar 22.246.630 toneladas, sendo 71,52% maior do que em 2023, quando chegou a 12.970.362.

No milho, a segunda avaliação da safra de verão realizada pela Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 812.795 hectares na safra 2023/2024, indicando redução de 1,27% na área cultivada em comparação à safra 2022/2023, que totalizou 823.267 hectares plantados. As dificuldades enfrentadas no cultivo do milho precoce, devido ao excesso de chuvas na primavera e à resultante elevada umidade, causaram perdas significativas por erosão, lixiviação de nutrientes, aumento de doenças e desafios na polinização. Esses prejuízos levaram à revisão do cultivo na safrinha por parte dos produtores, que realocaram uma fração da área destinada ao milho para outras culturas.

No período, houve prosseguimento na colheita do milho, que alcançou 70% da área cultivada. O baixo volume de chuvas continua prejudicando pontualmente algumas lavouras, que estão 11% em maturação, 10% em enchimento de grãos, 4% em floração e 5% das lavouras de milho estão em germinação e desenvolvimento vegetativo.

Milho silagem: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Alegrete, a colheita das lavouras destinadas à produção de silagem está em fase final, alcançando 90% da área cultivada. A produtividade e a qualidade estão em conformidade com a média inicialmente esperada. No entanto, em algumas localidades, onde o acumulado de chuvas foi menor em janeiro e fevereiro, observaram-se redução no porte das plantas e no tamanho das espigas, bem como encurtamento do ciclo de desenvolvimento, afetando a produtividade. Já na de Erechim, 95% da colheita foi concluída, e 5% das lavouras estão em fase de grão pastoso ou leitoso, próximas ao corte. A produtividade média das áreas colhidas é de 35.000 kg/ha.

Olerícolas e frutícolas

  • Beterraba: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Lajeado, em Feliz, a cultura encontra-se em período de safra. O cultivo escalonado é praticado em muitas propriedades, garantindo produção e colheita por mais tempo. Não houve relatos de problemas fitossanitários. O quilo varia entre R$ 3,50 e R$ 4,00.
  • Cebola: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, o período é de entressafra. Há estoque de cebola curada e armazenada em galpões, aguardando melhor oportunidade para a comercialização. Em São José do Norte, Rio Grande e Tavares, principais municípios produtores da região, ainda há algum produto para comercializar, mas os volumes são pouco significativos. O quilo está por R$ 3,50 para a cebola classificação caixa 3, mas há tendência de elevação.
  • Caqui: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, iniciou-se a colheita da variedade conhecida como Chocolatinho, cultivada nos mesoclimas mais quentes da região, como os vales dos grandes rios, principalmente do Caí. As duas cultivares mais produzidas na Serra Gaúcha – Fuyu e Kyoto – demonstram mudanças na coloração, evidenciando o início da maturação. A variedade chocolate branco – Fuyu – apresenta pouca carga de frutos em função de diversos fatores climáticos adversos e, por ser apirena (sem sementes), é muito mais sensível à queda natural. De forma geral, as plantações mantêm bom aspecto fitossanitário, sem maiores problemas de incidência de doenças e ataque de pragas. Ocorreram tratamentos fitossanitários, manejo mecânico de ervas e adubações em cobertura. O preço na propriedade varia entre R$ 6,00 e R$ 8,00/kg.
  • Oliva: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Soledade, em Encruzilhada do Sul, município com mil hectares dessa cultura e 30 produtores, iniciou-se a colheita. A produção nesta safra será muito pequena devido ao excesso de chuvas na florada; estima-se queda de 80%.

Pastagens e criações

Apesar de ser o início de um período de escassez de pastagens, conhecido como vazio forrageiro de outono, as pastagens perenes de verão mantêm bom desenvolvimento devido à umidade, luminosidade e temperatura elevada, oferecendo fontes de matéria seca de qualidade para bovinos leiteiros e de corte. As chuvas foram irregulares, com pancadas isoladas e volumes variáveis. Os campos nativos, que estão fibrosos no momento, perdem qualidade nutricional, apesar do volume abundante de pasto.

  • Bovinocultura de corte: a condição corporal dos rebanhos é considerava adequada devido ao volume abundante de forragem nos campos naturais, apesar de estarem fibrosos. As chuvas de volumes variáveis e as altas temperaturas provocaram estresse térmico nos bovinos, exigindo que se adaptassem a pastar nas primeiras horas e no final da tarde. Os resultados positivos nos diagnósticos de gestação indicam bom índice de nascimento de terneiros.
  • Bovinocultura de leite: os produtores enfrentam descontentamento devido aos baixos preços do leite e aos custos elevados de produção. O vazio forrageiro outonal afeta a produção de leite, e os produtores estão dependendo de estoques de forragens conservadas e enfrentando custos adicionais com silagem. Apesar do estresse térmico, a saúde dos bovinos está controlada. Porém, mudanças na alimentação têm gerado casos de leite instável não ácido (Lina) em algumas propriedades.
  • Ovinocultura: as condições corporais de todas as categorias do rebanho ovino estão satisfatórias, mas foram percebidos impactos da falta de chuvas mais tardiamente em comparação ao gado de corte, devido à capacidade de alimentação em pastos com altura reduzida. Continuam os tratamentos preventivos contra ecto e endoparasitas. O mercado de carne e lã ainda é um desafio significativo para o crescimento da atividade, que carece de organização em sua cadeia produtiva.
  • Apicultura: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, o regime de chuvas variável afetou o fluxo de néctar e a produção de mel, resultando em reservas de alimentos também desiguais. As condições sanitárias dos enxames estão estáveis, sem sinais de doenças ou desaparecimentos. Na de Pelotas, a florada desta estação indica uma expectativa de safra razoável, mas alguns enxames não estão se desenvolvendo conforme o desejado. Em Cerrito, o clima favorável propicia florada expressiva. Porém, na maioria das localidades, o desenvolvimento dos enxames está abaixo do esperado; há relatos de mortes. Na de Santa Rosa, os produtores enfrentam desafios de manejo em função da possível perda de colmeias, que, por consequência, ocasiona baixa captura de novos enxames e menor produção de mel. Apesar de possuírem bom estoque, as vendas estão limitadas em função da oferta a preços baixos.
  • Pesca artesanal: na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, os pescadores estão se organizando para o retorno da pesca de cabo na beira de praia com a abertura da temporada, no próximo dia 15. A pesca no mar ocorre através de botes ou do deslocamento para áreas marítimas permitidas. A pesca em águas doces, iniciada em 01/02, teve resultados excelentes para o mês de fevereiro. Os preços de comercialização de peixe no mercado local não foram especificados.
    Na região de Pelotas, na Lagoa Mirim, os pescadores estão ativos, beneficiados pelo nível da água mantido pelas chuvas. Em Pelotas, durante o Fórum da Lagoa dos Patos, ocorrido em 29/02, houve relatos de preocupação em relação à cadeia produtiva. A safra de camarões enfrenta desafios em relação à falta de captura, como consequência do excesso de chuvas nos meses de setembro e outubro. Essa situação gerou dificuldades financeiras para os pescadores devido à frustração na safra, pois apenas pequenas quantidades de corvina foram capturadas. Em Rio Grande e São José do Norte, a safra de camarões já foi iniciada, mas, conforme esperado pelos pescadores, a presença do crustáceo na Lagoa dos Patos é muito pequena. Em São Lourenço do Sul, destaca-se a redução na captura de tainha na lagoa, além da ausência de camarão. Em Jaguarão, apesar dos níveis elevados no Rio Jaguarão e na Lagoa Mirim, em comparação a anos anteriores, a captura permanece baixa, e os pescadores estão preocupados com a presença de piranhas na Lagoa. Em Tavares, a Lagoa do Peixe está na safra de camarão; há relatos sobre capturas diárias de 3 a 5 kg. A safra tem boa saída, pois há escassez de camarão na Lagoa dos Patos.