O Rio Grande do Sul é o principal produtor de canola (Brassica napus L.) no Brasil, com 90% da produção do Estado concentrada no Noroeste gaúcho e na região das Missões, sendo o município de São Luiz Gonzaga o maior produtor. A Emater/RS-Ascar aponta uma ampliação de área plantada com a cultura nesta temporada, A principal empresa que fomenta o plantio de canola no Estado tem expectativa de que a área cultivada possa alcançar cerca de 240 mil hectares.
A área cultivada na safra 2023-2024 no Estado foi de 147.879 hectares, e a produtividade fiou em 1.417 quilos por hectare, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi um salto na área plantada, já que, no ciclo 2022-2023, em torno de 91 mil hectares de canola foram semeados no Estado.
A Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola) projeta um crescimento da área cultivada em relação à safra do ano passado. “A expectativa é de um incremento de cerca de 20%. Mais regiões do Estado estão optando pela canola, que nos últimos anos tem deixado uma boa renda para o produtor e sido essencial na rotação de culturas”, destaca o presidente da entidade, o administrador de empresas Vantuir Scarantti. “Estamos bem otimistas, tanto em relação ao aumento da área quanto à produtividade”, acrescenta. Entre empresas e associados, a Abrascanola conta com 120 sócios.
O dirigente, que há nove anos preside a entidade sediada em Passo Fundo, é gerente sênior da Celena Alimentos, indústria com matriz em Eldorado do Sul (RS) que processa aproximadamente 75% da canola brasileira. Ele adianta que, em julho, a empresa pretende inaugurar a primeira indústria voltada exclusivamente para o processamento da canola. A nova planta será construída em São Luiz Gonzaga (RS). O valor do investimento não é revelado por questões contratuais. “A planta funcionará full time e terá a capacidade de processar 600 toneladas/dia de canola”, revela.
A canola representa uma importante opção estratégica para a safra de inverno no Estado, aproveitando equipamentos que não estão sendo usados e contribuindo para a diversificação de culturas. Os produtores podem se beneficiar da mesma estrutura de máquinas e equipamentos disponíveis nas propriedades para o manejo e colheita, com algumas adaptações e acréscimos por meio do uso de kits.
Terceira oleaginosa em volume de produção em nível mundial, a chamada “soja de inverno” é uma boa alternativa para a diversificação e na rotação de culturas, pois reduz a incidência de doenças nas lavouras de trigo plantadas por várias safras consecutivas. A fusariose e septoriose estão entre as doenças manejadas pela rotação com canola. A canola contribui para a descompactação do solo e auxilia no controle do azevém, planta daninha de difícil manejo no cultivo de trigo.
Além disso, a canola apresenta baixo custeio com defensivos agrícolas, comparativamente às demais espécies empregadas na produção de grãos. Ela vem se consolidando como uma das principais alternativas para a lavoura de trigo, devido ao preço competitivo e à garantia de compra, com preços quase fechados já no plantio.
O presidente da Abrascanola diz que um dos maiores atrativos da canola é ser uma cultura de cadeia quase fechada, como a cevada, ou seja, o produtor planta sabendo para quem vai vender e com um indicativo de preços, que neste ano estão melhores do que em anos anteriores. “A canola tem o atrativo da liquidez, com contrato travado na compra de sementes”, sublinha Scarantti.
A canola destaca-se, ainda, pela qualidade do óleo para consumo humano, por apresentar ômega 3 e vitamina E em teores maiores do que outros óleos similares, além de bom teor de gorduras monoinsaturadas e baixo teor de gordura saturada. Os grãos de canola produzidos no Brasil possuem, em média, 38% a 40% de óleo, ou seja, o dobro do que produz a soja.
Outro aspecto relevante é que o óleo de canola também apresenta características adequadas para a produção de biodiesel, entre estas a propriedade de tornar -se gel, ou seja, solidificar‑se parcialmente ou perder sua fluidez, em temperatura atmosférica mais baixa do que o biodiesel produzido a partir de outras matérias-primas. E o farelo resultante dessa industrialização é utilizado emformulações de rações para o consumo animal. Atualmente, a maior parte da produção é processada para a fabricação de óleo vegetal para alimentação humana, mas um percentual pequeno já vai para biocombustível e exportação.
Há um cenário diversificado entre as regiões produtoras, de acordo com a Emater/RS-Ascar. Observa-se crescimento expressivo em algumas regiões devido à adaptação da espécie e às características de manejo, além de atender à demanda da pecuária e da indústria.
Semeadura chega a 60% da área estimada
O avanço da semeadura depende de condições climáticas favoráveis, mas, em algumas regiões, a área semeada ultrapassa 60% do estimado. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha Gaúcha, a área prevista para o plantio de canola nesta safra deve crescer de forma expressiva.
O período de Zoneamento Agrícola está se aproximando do fim, e as chuvas intensas de maio atrasaram a semeadura, principalmente na Fronteira Oeste do Estado. Algumas plantadeiras voltaram a operar em 31 de maio, mas o avanço ainda depende de condições climáticas mais favoráveis nos próximos dias.
Na de Frederico Westphalen, mantém-se a previsão de aumento da área cultivada. Mais da metade (60%) encontra-se em desenvolvimento vegetativo adequado para a época. Na de Ijuí, houve avanço nas operações de semeadura, atingindo aproximadamente 85% da área projetada. Os produtores iniciaram o controle de plantas espontâneas nas lavouras semeadas, cujas plantas apresentam boa emergência e rápido desenvolvimento inicial. As intensas precipitações provocaram pequenos sulcos nos locais de convergência do relevo, mas sem danos à cultura.
Na de Pelotas, área estão em fase de preparo para receberem a semeadura. Na de Santa Maria, a estimativa é de aumento da área plantada em relação à safra passada. Em Tupanciretã, foram semeados aproximadamente 90% dos 19 mil hectares estimados para o cultivo.
Na de Santa Rosa, 78% da área estimada para o cultivo está semeada. Encontra-se em fase de florescimento 2% dos cultivos, e o restante está em desenvolvimento vegetativo. Nas áreas semeadas mais precocemente, observa-se satisfatória formação de estande de plantas e sanidade. A aplicação de fertilizantes nitrogenados está sendo planejada para os próximos dias, se a previsão de precipitação se confirmar. Na de Soledade, a maior parte da área já foi semeada.
Canola
- O cultivo de canola no Brasil iniciou em 1974, no Rio Grande do Sul, e nos anos 1980, no Paraná;
- O Rio Grande do Sul é o maior produtor;
- A área cultivada na safra 2023-2024 no Estado foi de 147.879 hectares, e a produtividade de 1.417 quilos por hectare, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);}
- Área cultivada no Estado deve ter alta de 20%, conforme estimativa da Abrascanola;
- Além do Rio Grande do Sul, há cultivos de canola no Paraná, Santa Catarina e testes de tropicalização no Cerrado brasileiro.;
- O Brasil, que tem cerca de 500 produtores de canola, começou a exportar o grão in natura em 2023;
- Hoje, o maior produtor mundial da canola, terceira maior oleaginosa do mundo depois do dendê e da soja, é o Canadá, com 9 milhões de hectares.
Benefícios do cultivo da canola
- Facilidade de comercialização;
- Em cultivos subsequentes ao de leguminosas e gramíneas, promove o aumento de rendimento pela melhoria da sanidade e qualidade da lavoura resultante da diminuição da incidência de pragas e doenças;
- Opção de cultivo para a rotação de culturas, atuando como descompactador do solo e favorecendo a ciclagem de nutrientes;
- Não necessita de máquinas específicas para a semeadura e colheita, além das que o produtor possui na propriedade.
Fonte: 3tentos