Manejo

Cobertura do solo no manejo de plantas daninhas

O impacto econômico do uso de culturas de cobertura no controle de plantas daninhas e a produtividade das culturas do trigo e da soja

Foto de um homem olhando a palhada no solo.
Palhada de plantas de cobertura ajuda no controle de invasoras | Foto: Foto: Diogo Zanatta/Divulgação

O uso de plantas de cobertura é uma estratégia eficiente para o manejo de plantas daninhas nas lavouras, além de contribuir para o aumento da produtividade de grãos. Resultados de pesquisa recentes serão apresentados pela Embrapa Trigo durante a CerealTec, no dia 2 de outubro.

Em experimento da Embrapa Trigo, conduzido na entressafra de outono/inverno na Região Sul, avaliou o impacto econômico do uso de culturas de cobertura no controle de plantas daninhas e a produtividade das culturas do trigo e da soja. Os pesquisadores constataram incrementos nos rendimentos de trigo e soja cultivados em sucessão, principalmente em função da menor competição com plantas daninhas.

Conforme o pesquisador Leandro Vargas, o manejo de plantas daninhas deve contemplar também a entressafra e não se restringir apenas ao período de pré-semeadura das culturas com a dessecação da área com herbicidas. Na Região Sul, entretanto, uma falha recorrente é a prática do pousio, quando as áreas permanecem descobertas até a semeadura do trigo, sem qualquer controle das plantas daninhas. “Muitas vezes, a colheita da soja termina em março e a semeadura do trigo ocorre apenas em junho ou julho. Nesse intervalo, a área fica em pousio, favorecendo a infestação por plantas daninhas que se desenvolvem e tornam o controle mais difícil e oneroso na pré-semeadura, além da produção de grande quantidade de sementes, que reforçam o banco de sementes do solo”, explica o pesquisador. Ele destaca que há diversas opções de gramíneas e leguminosas que podem ser utilizadas como culturas de cobertura no outono, entre a colheita da soja e a implantação das culturas de inverno.

Cobertura de inverno: custo ou investimento?

No experimento conduzido pela Embrapa, foram analisados os custos de implantação (sementes, operações e herbicidas) de diferentes culturas de cobertura — como aveia-preta, centeio, nabo e ervilhaca — e seu impacto no balanço econômico da produção de trigo e soja. Para a avaliação dos resultados, considerou-se o preço médio regional praticado em maio de 2025, fixado em R$ 70,00 por saca de trigo e R$ 120,00 por saca de soja (60 kg de grãos).

A área mantida em pousio, utilizada como testemunha, apresentou custo de R$ 495,00 por hectare devido à necessidade de duas aplicações de herbicidas na dessecação para controle de plantas daninhas. Nesse sistema, a produtividade de grãos foi inferior, resultando em balanço econômico negativo de –R$ 495,00 em função das dificuldades de controle das plantas daninhas na pré-semeadura tanto do trigo como da soja.

O uso da aveia-preta como planta de cobertura apresentou custo de R$ 340,00 por hectare. Em comparação com o pousio, o trigo cultivado após a aveia registrou incremento de 5 sacas por hectare, enquanto a soja apresentou ganho de 4 sacas por hectare. Considerando os gastos com insumos e operações agrícolas frente a renda obtida com a comercialização dos grãos, o balanço econômico foi positivo de R$ 350,00 por hectare para o trigo e R$ 492,00 por hectare para a soja.

Já o uso do nabo como cobertura teve custo foi de R$ 370,00 por hectare. O trigo cultivado após o nabo apresentou incremento, em relação ao pousio, de 7 sacas por hectare, enquanto a soja cultivada após o trigo registrou ganho de 5,6 sacas por hectare. O balanço econômico foi positivo, resultando em R$ 497,00 por hectare no trigo e R$ 672,00 por hectare na soja.

Contudo, o melhor desempenho foi obtido quando se utilizou um mix de aveia-preta + nabo, cujo custo de implantação foi de R$ 415,00 por hectare. Nesse sistema, os ganhos de produtividade, em relação ao pousio, foram de 9 sacas por hectare no trigo e 8,4 sacas por hectare na soja, gerando balanço econômico de R$ 630,00 no trigo e R$ 1.008,00 na soja. O consórcio de aveia-preta + nabo destacou-se por formar uma palhada densa e uniforme,  favorecendo o maior crescimento das culturas com melhor controle de plantas daninhas, resultando no maior incremento de produtividade e melhor balanço econômico observado.

O manejo de plantas daninhas com culturas de cobertura, especialmente o consórcio de aveia-preta + nabo, apresenta vantagens econômicas e agronômicas significativas em relação ao pousio, aumentando a produtividade de trigo e soja cultivados em sucessão à cobertura, reduzindo a competição com plantas daninhas e promovendo maior retorno financeiro aos produtores”, ressalta o pesquisador Leandro Vargas.

Fonte: Embrapa