O período de tempo firme no início da semana passada beneficiou o desenvolvimento das lavouras de canola (Brassica napus, Brassica rapa, Brassica juncea) no Rio Grande do Sul. No entanto, os volumes elevados de precipitação, no final de semana, especialmente nas regiões com maior concentração da cultura, intensificaram os problemas relacionados ao excesso de umidade no solo, impedindo os tratos culturais e a aeração radicular.
A estimativa é de que em torno de 95% da área prevista para a cultura neste ciclo tenha sido semeada no Estado. Caso o tempo continue seco, a expectativa é de que o plantio seja concluído nos próximos dias. A Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 quilos por hectare. A produção deve atingir 352.893 toneladas, 68,99% a mais do que no ano anterior, quando foram produzidas 208.830 toneladas. A área cultivada com canola no RS na Safra 2024 foi de 1.331.013 hectares, e a produtividade, de 2.781 quilos por hectare (IBGE).
Levantamento da Emater mostrou que 90% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo e 10% em floração. As geadas, ocorridas no período, causam preocupação quanto a possíveis danos, sobretudo nas áreas em estágios mais avançados de desenvolvimento, que estão em monitoramento para avaliação de impactos ao potencial produtivo.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em São Borja, dos 6,5 mil hectares semeados aproximadamente 20% atingiram o estágio de floração. Os produtores ainda pretendem concluir a semeadura, inicialmente prevista para 8 mil hectares, condicionada à manutenção do clima favorável nos próximos dias.
Em Manoel Viana, foram identificados danos significativos ocasionados pelas chuvas intensas. Em locais com estande severamente comprometido, avalia-se a substituição da cultura, uma vez que o período de semeadura estabelecido pelo Zarc foi encerrado há mais de dez dias. Na Campanha Gaúcha, a tendência de estabilidade do tempo deverá permitir a conclusão da semeadura. No município de Bagé, foram implantados 70% dos 1,2 mil hectares previstos. Na de Frederico Westphalen, cerca de 25% estão em fase vegetativa, e 75% em floração.
Na de Ijuí, os impactos das geadas ainda não puderam ser plenamente avaliados. A baixa luminosidade, registrada no período, tem limitado o desenvolvimento das plantas. Observa-se melhor estande nas lavouras implantadas entre o final de maio e o início de junho em razão das propícias condições de semeadura.
Na de Santa Rosa, a cultura encontra-se em pleno desenvolvimento, e aproximadamente 97% foram implantados. Dos cultivos estabelecidos, cerca de 70% estão em fase vegetativa e 30% em início de floração. Porém, os possíveis danos causados pelas geadas, ocorridas em 24 e 25 de junho, ainda serão avaliados. As demais áreas apresentam emergência e desenvolvimento inicial satisfatórios.
Na de Soledade, apesar dos elevados volumes de precipitação, o crescimento e o desenvolvimento estão adequados. Algumas lavouras iniciam a emissão da haste floral. Prosseguem as adubações nitrogenadas em cobertura, bem como o monitoramento fitossanitário para pragas e doenças.
Alta na produçãoSanta Rosa é a maior região produtora de canola no Estado (57.685 hectares), seguida das regiões de Ijuí (48.021 hectares), Santa Maria (45.475 hectares) e Bagé (28.589 hectares). “A canola apresenta incremento de área atribuído a sua liquidez e ao fomento das indústrias”, avaliou o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera. “Estamos na fase final da semeadura, ainda com alguns ajustes porque tivemos chuvas intensas que provocaram prejuízos nas lavouras. A nossa expectativa é muito boa, de um crescimento de 20% na cultura da canola”, destacou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola), Vantuir Scaranti.